Governo do Estado investiu R$ 20 milhões no primeiro restauro completo do prédio.

O governador Geraldo Alckmin inaugurou o restauro do Museu da Imigração, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, que volta a funcionar com novo plano museológico e exposição de longa duração completamente reformulada. O prédio, tombado pelo Conpresp e pelo Condephaat, passou pelo primeiro restauro completo desde que teve sua construção finalizada, em 1888, com investimento de R$ 20 milhões do Governo do Estado de São Paulo.

“Hoje é um dia de grande emoção, de grande alegria. São Paulo foi fundado em 1554 pelos padres jesuítas e renasceu aqui com a hospedaria dos imigrantes em 1887”, disse Alckmin. “Essas paredes ouviram mais de 70 línguas diferentes, gente do mundo inteiro que veio aqui para São Paulo no período áureo do café, depois se dedicou também à indústria, aos serviços, às ciências e às artes, enfim, abrigou muito sonhos.”

Sediado no edifício da antiga Hospedaria do Brás – patrimônio público e importante ícone da história do Estado e da cidade de São Paulo – o Museu da Imigração retoma as atividades com o objetivo de compreender e refletir o processo migratório a partir da história das 2,5 milhões de pessoas, de mais de 70 nacionalidades, que passaram pelo prédio entre os anos de 1887 e 1978.

Para o evento de reabertura do Museu, além da solenidade de reinauguração no período da manhã, a programação do dia segue com apresentações teatrais, de dança e música das comunidades de imigrantes e descendentes e show de Arnaldo Antunes, que encerra as atividades da data.

Nos meses de junho e julho, os dois primeiros após a reabertura, o Museu da Imigração será totalmente gratuito. O ingresso inclui os espaços expositivos, jardim, café, loja, biblioteca e área de convivência. A Maria Fumaça, gerida pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, permanece com saídas regulares e pagas.

Para a retomada das atividades, o MI prepara uma programação cultural que contempla diversos públicos. A agenda conta com apresentações de teatro, dança, música, oficinas e palestras sobre o patrimônio relacionado aos processos migratórios ligados a São Paulo.

A localização do Museu – entre a Mooca e o Brás – privilegia o debate que envolve questões relativas à memória da cidade. De acordo com Marília Bonas, diretora executiva da instituição, “a proposta é que o Museu se torne um espaço de articulação, promovendo reflexões sobre a experiência do deslocamento e a construção da identidade paulista a partir de múltiplas origens”.

Em destaque entre as novidades do MI, está a exposição de longa duração que, em oito módulos, conta por meio de documentos, fotos, vídeos, depoimentos e objetos, como o processo migratório é um fenômeno permanente na história da humanidade.

Apresenta ainda, um panorama da grande imigração ocorrida nos séculos XIX e XX, abordando o início das políticas imigratórias do país e detalhando o cotidiano da Hospedaria de Imigrantes.

O público encontra também espaços de imersão – como uma sala que recria um amplo dormitório da antiga Hospedaria, com projeções em grande escala de trechos de cartas e trilha sonora especial. Também estão contextualizadas as questões relativas ao trabalho e encaminhamento para o campo e, na sequencia, o módulo “São Paulo Cosmopolita” apresenta a cidade pela perspectiva dos bairros Bom Retiro, Mooca, Brás e Santo Amaro, homenageando com imagens e vídeos as referências imigrantes inscritas nas festividades, nos traços arquitetônicos e nas transformações culturais presentes nessas regiões.

Arte contemporânea
No primeiro momento da nova exposição de longa duração, o visitante encontra no trajeto uma obra de Nuno Ramos – importante nome da arte brasileira contemporânea – que trata da relação estabelecida entre o homem, o trabalho e a diversidade de línguas. Inspirada em um trecho do livro “É isto um Homem?” do escritor italiano Primo Levi, a instalação homônima, recria uma caçamba tombada com quase 30 mil tijolos marcados com palavras em francês, tcheco, iídiche, alemão, húngaro e inglês mencionadas no texto de Levi. Em outro momento da criação de Nuno, um único tijolo, posto sobre uma cadeira, dialoga com gravações de áudio que emitem o mesmo trecho do livro citado acima.

Obra de Restauro
O primeiro restauro completo da antiga Hospedaria dos Imigrantes foi um trabalho minucioso que promoveu a recuperação e modernização do edifício. A obra teve início em dezembro de 2010. Foram completamente recuperadas a fachada e ambientes internos, cobertura, pisos, esquadrias (portas e janelas) instalações hidráulicas, elétricas e de dados; foi instalada climatização e iluminação interna e externa; escadas de emergência e equipamentos de acessibilidade, sistema de segurança eletrônica e deck de madeira na área onde vai funcionar a cafeteria.

Houve um cuidado adicional também com o risco de infiltrações: a Hospedaria dos Imigrantes foi construída na época em que São Paulo ainda era a terra da garoa, com chuvas constantes, porém fracas.

Para adaptar o edifício às atuais tempestades de verão, os telhados receberam uma subcobertura de lona plástica para evitar vazamento de água para o forro, à exceção do edifício principal, cujas telhas francesas originais já evitam naturalmente as infiltrações. Neste caso, foram recuperadas as calhas originais de cobre e as descidas d’água foram dobradas, para aumentar o escoamento da água em caso de chuvas muito fortes.

A preocupação com as enchentes também tornou necessária a recuperação dos porões elevados do edifício principal. Na época da construção da hospedaria, ele servia para absorver a água da chuva sob o edifício, evitando que a umidade subisse pelas paredes.

Ao longo dos mais de 100 anos de história do prédio, no entanto, o porão acabou sendo aterrado. Na escavação, além de fazê-lo retomar sua função original, foram descobertos inúmeros objetos, como utensílios de cozinha e garrafas, jogados sob o prédio por várias gerações de imigrantes. Também por conta da preocupação com possíveis enchentes, foram criados e adequados os sistemas de drenagem e captação de águas pluviais; foi realizada também a instalação de comportas para retenção de águas.

Acessa SP
O Museu da Imigração do Estado conta com uma unidade do Acessa SP, programa de inclusão digital do Governo do Estado, gerenciado pela Secretaria de Gestão Pública. A parceria com o programa busca fomentar a interação da população com as novas tecnologias da informação e comunicação, contribuindo para o desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico de paulistas e das comunidades de imigrantes, migrantes e descendentes.

O posto possui oito computadores para usuários, internet com velocidade de 4 MB, sistema operacional 4.0; plataforma que permite o uso dos computadores por deficientes visuais, e tem capacidade para realizar mais de 2,5 mil atendimentos por mês.

O Acessa SP conta com 774 postos. Outras 187 unidades estão em implantação. Recentemente, o Programa recebeu o Prêmio “Acesso ao Conhecimento 2013”, pela Fundação Bill & Melinda Gates, considerado o Nobel da inclusão digital. O Acessa SP concorreu com outras 300 candidaturas de 56 países.

Serviço
O Museu da Imigração fica à Rua Visconde de Parnaíba, 1316, no bairro da Mooca, em São Paulo. Após sua reabertura, o horário de funcionamento será de terça a sábado, das 9h às 17h, e aos domingos das 10h às 17h. Durante os meses de junho e julho o acesso aos espaços expositivos será gratuito. Quinzenalmente, às sextas-feiras, o MI oferecerá visitação noturna, ampliando seu horário de atendimento até às 21h. Outras informações estão disponíveis no site www.museudaimigracao.org.br.

Reportagem: Assessoria de imprensa. Foto: Edson Lopes Jr.