Em pouco tempo de mandato João Doria já conseguiu imprimir uma de suas principais características de gestão: o marketing das ruas.

A atuação de Doria tem ganhado as manchetes e seus projetos parecem iniciar com muita força.

A favor da imagem do prefeito estão os fatos de ter recebido alta votação – mais de 50% dos votos válidos –, ter baixa rejeição e ter experiência no mundo empresarial – sem depender financeiramente da função política para viver. Todos os fatores acima, sem dúvidas, facilitaram na rápida construção de sua imagem como político.

Outro ponto a favor da visibilidade com a qual tem ganhado os holofotes é o fato de que estamos a poucos dias de sua administração.

Ou seja, mesmo quem não votou em suas propostas reconhece que qualquer um dos problemas da cidade que aconteçam nos próximos meses, mesmo que sejam graves, não poderão ser computados na conta do prefeito, até porque Doria assumira recentemente.

Porém, este tipo de aceitação popular tem um prazo de validade. Geralmente 2 anos, no máximo.

Por mais que a gestão do atual prefeito seja forte e no período de quatro anos resolva alguns dos muitos problemas que temos, é natural que um outro tanto de situações não sejam resolvidas e, assim que vierem à tona, comecem a ter visibilidade negativa.

Isso também é normal, para todos os políticos, de todos os partidos.

Não foi diferente também com seus antecessores.

Mas para perplexidade da mídia e opinião pública em geral, Doria tem se mostrado diferente como político.

O atual prefeito tem uma energia de trabalho pró-ativa fora dos padrões políticos brasileiros.

Aliás, o nosso padrão “tupiniquim” de trabalho político não é lá essas coisas.

Mas o tal “João Trabalhador” tem sim se empenhado em estar ao lado dos servidores dos mais diversos escalões, visitando subprefeituras e hospitais na periferia, entre outras ações que procuram dar ativações a suas propostas.

Estas ações geram identificação. Quem não recorda de Jânio Quadros multando carros, de Fernando Haddad andando de bicicleta, Marta Suplicy em meio as apresentações no CEUs que criara, entre tantas outras ações que normalmente encantam seus correligionários.

É muito cedo para avaliar, mas Doria parece ser diferente.

Cortes foram feitos e programas de sua eleição já foram lançados.

Resta agora saber se com o tempo os programas lançados sairão do papel e se sua energia de gestor do ambiente privado conseguirá transpor o ambiente mais lento e moroso da administração pública.

Nunca em tão pouco tempo um político se expôs tão fortemente no início de sua gestão.

Nunca também se observou vitalidade tamanha para estar em locais distintos, facilitar encontro de setores e promover mensagens de apoio como ele tem feito.

Todavia, Doria também será cobrado como nunca foi em sua vida e esta exposição nas ruas também será acionada assim que passar meses e alguns anos de sua gestão.

E por mais que chegue próximo de suas promessas, é praticamente impossível resolver todos os problemas de uma cidade como São Paulo.

Ninguém é perfeito, prefeito.

Antonio Gelfusa Junior é editor responsável do SP Jornal.