Em 18 de abril de 1882, nascia Monteiro Lobato, escritor cuja importância para a Literatura Brasileira não pode ser negada, por mais que a leitura de sua produção seja, ao longo da história, permeada por polêmicas de diversas ordens, as quais nunca escaparam ao olhar crítico de pesquisadores que se dedicaram a conhecer em profundidade a multiplicidade de caminhos que se apresentam, não apenas nos cerca de 50 volumes de autoria do escritor paulista, mas também em sua vasta atuação como crítico, tradutor e editor.

Sua faceta mais lembrada, ainda hoje, é a que o associa à literatura infantil e juvenil, campo no qual é considerado um marco no país: gerações de leitoras e leitores tiveram seu imaginário formado no diálogo com as personagens de O Sítio do Pica-Pau Amarelo, acompanhando as aventuras de Narizinho e Pedrinho, ouvindo as histórias contadas por Dona Benta e Tia Nastácia, aprendendo com a irrequieta e curiosa boneca de pano Emília e com o sábio Visconde de Sabugosa. Muitas outras crianças puderam, também por meio desse universo, expandir os limites de seus conhecimentos e se aproximar de Hércules, Dom Quixote e Hans Staden, da gramática e da aritmética, da história e da geografia.

As gerações contemporâneas, certamente, não são formadas por Lobato como aconteceu com gerações anteriores de nosso país, quando, muitas vezes, os livros da turma do Pica-Pau Amarelo estavam entre as poucas obras destinadas ao público infantil às quais se tinha acesso. Isso não impede, entretanto, que pensemos na importância deste autor continuar a figurar entre as possibilidades de leitura das crianças e jovens do Brasil, junto aos demais textos — hoje presentes, inclusive, em outros suportes midiáticos — que conformam seus processos de formação leitora. E não apenas devido à importância histórica da obra lobatiana: talvez o que mais convenha destacarmos, quando nos aproximamos dos 140 anos do nascimento deste escritor, seja a figura dessa criança leitora para quem Lobato escrevia.

Os livros de Monteiro Lobato direcionam-se a leitores por ele entendidos e concebidos como seres pensantes, como pessoas que poderiam ter sua imaginação estimulada e seus conhecimentos desenvolvidos pelo contato com uma literatura marcada pela criatividade, pela curiosidade, pela criticidade, pelo debate saudável e produtivo em torno das mais variadas questões que caracterizam o mundo em que vivemos, inclusive as que se tornam motivo de polêmica.

*Maria Elisa Rodrigues Moreira é professora do programa de Pós-Graduação em Letras e do curso de Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Foto: Divulgação.