Ao ver um parente ou um amigo com mal de Alzheimer, a sensação é de perda, por saber que cada dia que passa seus neurônios vão se degenerando progressivamente e silenciosamente e dessa forma sua capacidade intelectual vai diminuindo.
A memória vai tendo alterações sem que se perceba. Nesse período é um sofrimento para o paciente que, quando lúcido, é mal compreendido, situação que lhe traz angústia e isso piora o seu estado emocional.
Mas o fato é que poucos conseguem identificar a doença. E maltratam seus idosos como se eles estivessem ficando caducos, ou acham que é um simples esquecimento e falta de atenção e que o sintoma vai passar.
Isso faz com que o idoso se sinta desprotegido e, na hora da lucidez, se esforce para mostrar que está bem, dizendo, por exemplo, “quem nunca esqueceu um leite no fogo?”, ou algo parecido. Situações desse tipo podem tornar o diagnóstico tardio.
Convivi com uma amiga com mal de Alzheimer e vi seu dilema de não ser amparada pela filha, que, ao contrário, a maltratava. Ouviu da filha, por várias vezes, que se ela não se ajudasse a internaria.
Apesar de desapontada, e até chocada, com os maus tratos, num primeiro momento, não acreditou que chegasse a tal ponto. Passou-se uma semana, liguei para saber como minha amiga estava passando.
Sua filha atendeu, chorando lágrimas de crocodilo, e disse que havia internado a mãe num asilo, que ela morrera e que estava chegando do seu velório.
Sentir tristeza ao saber da perda um ente querido é normal. Sentir culpa por muitas vezes não ter paciência com o outro, faz parte do ser humano; ninguém é perfeito. Ser solidário e ter uma relação de mútuo auxílio é necessário, assim como é obrigação apoiar, entender e respeitar o que sofre, ajudando-o no que for necessário.
Mas, com certeza, uns dos melhores sentimentos é o amor, pois este nutre qualidade morais e ajuda na dor de outrem. Somente assim será possível construir uma vida melhor para nossos idosos.
É preciso resgatar os múltiplos laços que liga uma família, para que se tenha completa interação de seus membros. “Porque Alzheimer não é uma opção, é uma manifestação”.
Zulmar Tamburu é formada pela Escola Panamericana de Artes Design, pEscritora, Poetisa, Compositora e Artista Plástica e colunista do portal SP Jornal.