Com o crescimento econômico dos últimos anos a demanda por energia elétrica tem crescido rapidamente, estudos apontam que o consumo aumentará 4,8% ao ano até 2020 e a produção pode não acompanhar esse crescimento caso o setor não receba investimentos. Nesse quadro, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte surge como uma ótima opção para suprir parte da demanda energética e ainda impulsionar o desenvolvimento de uma região pouco integrada ao eixo produtivo do Brasil, além de viabilizar a construção da siderúrgica de Marabá que ajudará a diminuir o fluxo atual da exportação de minério de ferro, já que boa parte do aço (de maior valor agregado) será produzida aqui ao invés de ser importada.

Além de ser a maior obra do PAC, com ares faraônicos, levará massivos investimentos públicos e privados ao Pará. Neste aspecto não se pode negar sua relevância. Apesar de o projeto original ter sofrido importantes modificações reduzindo os impactos negativos, oposição, ambientalistas e a OEA ainda questionam sua viabilidade econômica e apontam possíveis problemas ambientais e socioeconômicos. Já o consórcio Norte Energia responsável pela construção diz ser uma opção muito mais barata que outras alternativas energéticas.

Em dúvida quanto à insistência governamental em mantê-la como prioridade, há quem diga que a obra é uma compensação às empreiteiras que foram as maiores financiadoras das campanhas eleitorais. Sabe-se que uma matriz energética descentralizada e diversificada é mais segura e menos vulnerável. E é mais racional e sustentável investir em energias alternativas, como a eólica (já mais barata que a térmica a gás), solar, de biomassa e PCHs, todas com enorme potencial no Brasil. E a modernização das linhas de transmissão e políticas de redução de consumo podem diminuir a urgência da demanda.

Por hora, a necessidade de aumentar a produção de energia não pode ser adiada e não construir Belo Monte não é mais uma possibilidade. Se as previsões mais pessimistas estiverem corretas, o lado mais fraco pagará o pato. A rica diversidade cultural dos povos indígenas do Xingu e uma parte importante da biodiversidade brasileira estarão em risco.

Igor Candido de Oliveira – 22 anos – Graduando em Gestão de Políticas Públicas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades – Universidade de São Paulo (EACH-USP) e graduando em Relações Internacionais nas Faculdades Integradas Rio Branco.