São Paulo, por ter crescido demasiadamente em todos os aspectos, e por falta de planejamento, tornou se pequena ao ponto de não existir espaço para construir casas.
O pouco de terra que ainda lhe resta, é entregue à construção prédios e mais prédios, que vão sendo erguidos sem controle, mudando toda a paisagem, e ofuscando os olhos, e sufocando o povo, que, sem perceber, vai tendo de se adequar a essa situação.
O paulistano, ao sair para o trabalho, dependa ele do transporte público ou possua seu próprio veículo, tem que fazê-lo duas horas antes para chegar ao seu destino no horário desejado. Soma-se a isso o desgaste emocional e a preocupação de não ser assaltado nos faróis.
São situações que resultam em nervosismo, ansiedade, depressão e, mais importante, falta de tempo para o diálogo com os familiares. Quem tem um poder aquisitivo melhor, pega seu jatinho para se deslocar para o trabalho e para os fins de semana fora. Vai para sua fazenda ou sai do Brasil para “descansar”.
Há 30 trinta anos, São Paulo acolhia as pessoas, independentemente de seu poder aquisitivo, e elas se sentiam amparadas e felizes. As crianças se reuniam e iam para a rua brincar; existia uma infinidade de brincadeiras saudáveis e a infância era recheada de invenções criativas.
Essas coisas são passado e, hoje, a “diversão” está em se fechar entre quatro paredes, em se isolar cada vez mais. Vale para adultos e crianças. Aqueles, por se sentirem inseguros, pela falta de tempo etc.; essas, dentre tantas coisas possíveis, pela diminuição do espaço de diversão, pelo medo que os pais têm em vê-las fora de casa etc.
A família se diverte com os vídeos games, com o computador, com a TV, enfim, com o que é possível no espaço da residência. Perderam e estão perdendo muito. As pessoas, hoje, são como passarinhos dentro de uma gaiola aberta, mas com suas asas quebradas. As matas e as vielas deram lugar aos túneis e às estradas.
O rio Tiete, que tinha água limpa em abundância, foi desviado de seu curso original e se tornou poluído ao extremo. E tantas outras alterações geográficas mais. A água tem um papel fundamental no desenvolvimento do ser humano, da sociedade. É necessidade básica nossa.
Os governantes, em geral, e os de São Paulo, em particular, têm que priorizar esse elemento tão primordial para nossa sobrevivência e cuidar para garantir seu suprimento, para evitar sua escassez. O verde que predominava em toda a nossa paisagem, foi desmatado. O clima que era saudável e o ar que era puro… Hoje, a poluição tomou conta, resultando em doenças irreversíveis e, consequentemente, em mortes.
Cadê minha cidade? Que progresso é esse que a liberdade virou prisão, onde segurança já não existe mais e viramos reféns da própria sociedade.
O que fazer, quando não se tem para onde correr? Ficar de braços cruzados, não muda nada. Cadê a sustentabilidade, senhores dirigentes? Cadê o amor pela cidade e pelos seres humanos que a compõem? Daqui a quanto tempo vamos ver alguma coisa feita? Onde está você, São Paulo, terra do meu coração?!
Zulmar Tamburu é formada pela Escola Panamericana de Artes Design. É escritora, poetisa, compositora, artista plástica e colunista do portal SP Jornal.
E-mail: zulmartamburu@hotmail.com