O uso de cafeína pode trazer alívio para quem sofre com Olho Seco.
Uma nova pesquisa publicada na revista da Academia Americana de Oftalmologia pode dar novos rumos ao tratamento do olho seco.
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Tóquio demonstraram, pela primeira vez, que a ingestão de cafeína pode aumentar significativamente a capacidade do olho de produzir lágrimas. A descoberta pode melhorar o tratamento da Síndrome do Olho Seco.
Segundo os pesquisadores, todos os 78 participantes do estudo começaram a produzir mais lágrimas após consumir cafeína.
“Não há dados precisos sobre a incidência da doença na população brasileira em decorrência principalmente da ausência de método bem definido de diagnóstico clínico para olho seco.
Alguns estudos epidemiológicos nos EUA sugerem que a doença atinge aproximadamente 10% da população geral, ou seja, cerca de 18 milhões de pessoas podem sofrer com a doença no Brasil.
Para muitos, a Síndrome do Olho Seco é simplesmente uma condição desconfortável e chata, mas para outros, ela se transforma em uma doença que pode colocar em risco a visão”, afirma Virgílio Centurion, oftalmologista, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
A Síndrome do Olho Seco envolve o mau funcionamento da produção de lágrimas, tanto em relação à quantidade, quanto à qualidade das lágrimas (e / ou a taxa de evaporação a partir da superfície do olho).
“Qualquer um pode experimentar a sensação de olho seco, porém, esta condição é mais comum entre as mulheres. Os sintomas podem incluir ainda a sensação de estar sendo arranhado, ardor, lacrimejamento excessivo, e / ou produção de muco pegajoso”, explica a oftalmologitsa Sandra Alice Falvo, que também integra o corpo clínico do IMO.
A equipe de pesquisadores, liderada por Reiko Arita, foi motivada a realizar o trabalho em função de um estudo anterior, que havia demonstrado uma redução do risco de olho seco em usuários de cafeína: 13 % dos usuários tinham a síndrome em comparação com quase 17% dos não-usuários.
Assim, a equipe sabia que a cafeína é capaz de estimular as glândulas lacrimais, uma vez que a substância é conhecida por aumentar outras secreções, tais como a saliva e os sucos digestivos.
Como os pesquisadores sabiam que as pessoas respondem diferentemente à cafeína, resolveram analisar amostras de DNA dos participantes do estudo, buscando duas variações genéticas que desempenham papéis importantes no metabolismo da cafeína.
A produção de lágrimas mostrou-se superior nos participantes do estudo que apresentavam as duas variações genéticas. “Se confirmada por outros estudos posteriores, a pesquisa japonesa sobre a cafeína pode ser muito útil no tratamento da síndrome do olho seco.
Enquanto aguardamos mais pesquisas sobre o tema, o uso da cafeína deve ser seletivo para pacientes que são mais sensíveis aos efeitos estimulantes da cafeína”, observa a médica. Segundo Sandra Alice Falvo, as opções atuais de tratamento variam de compressas mornas, colírios e lágrimas artificiais ao uso de medicamentos e dispositivos de drenagem lacrimal.
“Buscando o conforto do portador do olho seco, o oftalmologista costuma testar vários colírios lubrificantes até encontrar o que melhor se adapta a cada indivíduo.
Outro coadjuvante no tratamento da doença que tem demonstrado bons resultados é a terapia oral com óleo de linhaça – em cápsulas na dose de 1 ou 2 g/dia – que reduz a inflamação da superfície ocular e melhora os sintomas de olho seco. Estudos de longo prazo estão sendo realizados para confirmar o papel desta terapia como auxiliar no tratamento da ceratoconjuntivite seca de portadores da síndrome de Sjögren também”, afirma Sandra Alice Falvo.
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Reportagem: Assessoria de Imprensa. Foto: Divulgação.