Infelizmente a tragédia de Santa Maria demonstra mais uma vez uma sequência enorme de erros de autoridades, gestores públicos entre outros profissionais.
Porém, desta vez, não foram poucos prejudicados como normalmente acontece.
O resultado da tragédia foi a morte de mais de 230 pessoas e no mínimo o dobro deste número de pessoas que perderam algum parente próximo ou amigo – danos irreparáveis para o resto da vida.
O jeitinho brasileiro sempre permite exageros. Em Santa Maria, o tal exagero, já começou na quantidade de pessoas muito acima do que a capacidade permitida dentro da boate Kiss. Depois, foi o cantor da banda que soltou um artefato luminoso proibido em lugares fechados. Na sequência, os extintores não funcionaram, os seguranças não tinham rádios adequados de comunicação e a saída de emergência estava interrompida por barras de ferro. Isso sem falar no laudo atrasado do corpo de bombeiros, nos materiais de espuma indevidos, falta de revestimento próprio e a ausência de sinalização no chão e nas paredes.
Santa Maria ficou marcada por uma grande tragédia, morreram centenas de pessoas em um único dia, no mesmo lugar.
Entretanto, no Brasil, morrem muito mais pessoas por vistas grossas de governantes, porém, distribuídos pelos mais de 5 mil municípios do país.
O suborno da fila do hospital, o político que não administra adequadamente a verba de alimentação na escola pública, a não reeducação de presos para reinseri-los na sociedade, entre outras situações, acontecem todos os dias.
Tem uma célebre frase que diz: “O povo tem o governo que merece”!. Trata-se da mais pura verdade. Quantas vezes vemos algum político com comprovado passado de desvios de dinheiro público e atos de improbidade administrativa conseguindo se reeleger? Sarney, Renan Calheiros, Genoíno, Collor, Maluf e tantos outros.
A maioria dos votos colocam políticos no poder. Porém, certa minoria, que muitas vezes tem mais conhecimento e se informa melhor sobre a política do país, na maioria das vezes, não consegue impedir gestores ruins e muito menos impedir a eleição de incapazes políticos. E aí, todos “pagam o pato”.
Quando perdemos brasileiros, seja em uma boate em Santa Maria, seja na fila de hospitais esperando atendimento, seja no trânsito com tiros de delinquentes, seja em atentados em escolas por falta de segurança ou mesmo no tráfico pela ampla e livre ação de bandidos, estamos, de fato, recebendo em troca tudo aquilo que deixamos de melhorar como cidadãos.
“Não é comigo”! Essa é a frase quando vemos um problema em nossa sociedade. Não ligamos para polícia quando vemos algo errado acontecendo. Não denunciamos ações suspeitas de estelionato. Não denunciamos e aceitamos suborno. Fatalmente, reelegemos políticos corruptos!
O futebol e o carnaval são muito mais importantes ao povo do que os problemas sociais.
Se a maioria pensa assim, fica fácil saber e apontar os culpados do caos de nossa sociedade.
O problema é que mesmo aqueles que fazem sua parte, estudando, ajudando ONGs e entidades e fazendo valer seus direitos e deveres como cidadãos, também sofrem com um sistema deficiente de valores.