A Rio+20 mostrou que os chefes de estado dificilmente chegarão a um documento único com metas que atendam as necessidades ambientais, sociais e econômicas do planeta.

A maior Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável terminou. Durante 9 dias os líderes dos governos, a sociedade civil, as empresas, os acadêmicos e os jornalistas puderam discutir e debater as questões relacionadas a sustentabilidade em diversos eventos oficiais e paralelos, concentrados no Riocentro, Planetário e Cúpula dos Povos, chamando a atenção do mundo e mostrando o quanto o tema deve estar presente em todas as instâncias da sociedade.

Diferente das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa definidas em Kyoto (1997), o documento oficial e final da Rio+20 chamado “O futuro que queremos” foi mais subjetivo, apontando as necessidades e demandas, mas não definindo metas comuns para os países, fato que dificilmente voltará a ocorrer, considerando o conflito de interesses econômicos, sociais e ambientais de países pobres, emergentes e desenvolvidos.

Por outro lado a Rio+20 ampliou o debate, pessoas de diversas partes do mundo e de diferentes níveis da sociedade foram para as ruas participar de discussões e manifestações (especialmente na Cúpula dos Povos). Tribos indígenas, integrantes do movimento Hare Krishna, do movimento dos sem-terra, artistas, ambientalistas e líderes de ONGs mostraram que as discussões não devem (e não podem) mais ficar apenas no âmbito dos chefes de estado.

Outra grande demonstração de que o desenvolvimento sustentável pode virar realidade através de soluções locais são os movimentos e acordos selados entre as cidades integrantes do C40 (Climate Leadership Group), um grupo organizado com as maiores cidades do mundo (incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba), que durante a Rio+20 divulgou que vai reduzir 1 bilhão de toneladas de CO2 até 2030, através de uma série de medidas. Michael Bloomberg, prefeito de Nova York e Presidente da C40, lembrou da importância das cidades assumirem responsabilidades e não dependerem de decisões dos chefes de estado: “Somos responsáveis pela maior parte da população da Terra.

Muito está sendo dito, mas pouco está sendo feito. Mas nós temos ferramentas pragmáticas para atuar no sentido de acelerar o ritmo de implementação dessas medidas”.

Num planeta onde a maioria das pessoas vivem em cidades, que emitem 80% dos gases de efeito estufa, as soluções locais tem mais chances de serem colocadas em prática e obterem resultados positivos sem depender de acordos globais, servindo como exemplos que podem ser aproveitados em todas as partes do mundo.

Ednei Fialho Lopes é especialista em meio ambiente pela FGV, lidera ações e projetos socioambientais junto ao Banco HSBC, é palestrante e colunista do Portal SP Jornal.

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