Você já doou sangue alguma vez ? Você sabe quantos doadores de sangue são necessários para atender a demanda no Brasil todos os dias ? Você sabe que os hemocentros sempre estão fazendo campanha pedindo doadores porque os estoques de sangue estão baixos?
Há 22 anos coordeno campanhas para doação de sangue e há um ano e meio estou integrado ao Projeto Dia da Saúde, elaborado por Luiz Fernando Costa Oliveira, administrador do Mercado Municipal de Vila Formosa, onde praticamente todas as últimas quartas-feiras do mês são realizados eventos sociais voltados a saúde. Estes eventos tem orientação e direcionamento adequado à população das imediações do mercado. Lá realizamos também duas grandes campanhas anuais de doação de sangue e cadastramento para doação de medula óssea.
Nossas campanhas para doação de sangue sempre foram realizadas com o transporte dos doadores do mercado municipal ou de local pré determinado até um hemocentro escolhido e preparado para dar suporte aos eventos.
Este transporte muitas vezes foi realizado pelo ônibus do 3º GB ( Grupamento de Bombeiros responsável por toda região leste – Mooca) e, devido a troca do comando do batalhão e os atos de violência que ocorriam na cidade de São Paulo, a última edição do ano de 2012 sofreu uma mudança.
Um de nossos colaboradores sugeriu que deveríamos mudar nossa campanha do mês de outubro para o dia 25 de novembro ( dia nacional do doador de sangue) e que deveríamos realizar a campanha aqui no bairro de Vila Formosa, ideia que foi prontamente aceita por nossos voluntários e colaboradores, porém, haviam alguns detalhes que deixamos de computar, a corrida de formula 1 e os exames da FUVEST.
Com nova data a ser marcada o dia escolhido foi 12 de dezembro (uma quarta-feira), afinal, é uma época que os hemocentros necessitam ainda mais de doações para prevenir os abusos que infelizmente ainda ocorrem nos festejos de modo geral em nosso país.
O local escolhido foi o PET (Parque Esportivo dos Trabalhadores , antigo CERET) que pouca gente sabe, fica em Vila Formosa.
Faltava também pedir autorização ao Sr. Emilio Marquetti, administrador do PET. Nos dirigimos ao parque com o Oficio nº 5/SP –AF/MMV.FORMOSA/2012, datado de 8 de novembro de 2012 e no dia 13 de novembro, recebemos a autorização para utilizar as dependências do parque, podendo ainda utilizar as instalações do ambulatório, não deixando assim qualquer empecilho para que a coleta de sangue fosse realizada dentro das recomendações da vigilância sanitária – exigência comum em coletas externas de todos hemocentros.
Começou aí uma série de problemas:
– A Santa Casa tem a equipe reduzida no mês de dezembro devido a férias;
– A Pró Sangue só realiza coletas externas de terças e quintas (não mudamos a data por eles não ter disponibilidade em dezembro );
– O Hospital Santa Marcelina não realiza coletas externas;
– A UNIFESP tem que ser agendada com 2 meses de antecedência;
– A COSAN é parceira da UNIFESP e o procedimento é o mesmo;
– O HOSPITAL DO TATUAPÉ faz parceria com a COLSAN, mesmo procedimento;
– Mais dois hospitais transferiram tantas ligações para pseudo-s responsáveis, que estamos aguardando alguém atender até hoje;
– A Santa Casa e a UNIFESP nos ofereceram ônibus como de costume, porém, em nossa avaliação, o clima quente de dezembro e a quantidade de 62 doadores que já havíamos cadastrado (sendo 36 do parque e 26 do mercado municipal de Vila Formosa ), poderíamos perder o controle.
Para quem sabe o valor que tem um doador de sangue, do carinho e respeito que temos por eles, preferimos adiar o evento bem como encaminhar ao nosso governador Geraldo Alckmin algumas ideias em relação as campanhas de doação .
Creio que é preciso utilizar o dinheiro gasto nas propagandas de rádio e televisão para contratar funcionários capacitados em coleta de sangue nos meses do natal, ano novo, carnaval, páscoa e para que o doadores solidários de sangue nunca mais dêem com a cara na porta!
Perderemos mais tempo explicando e dando satisfações aos doadores por esta campanha não realizada do que organizando uma outra grande campanha, devido a propaganda veiculada maciçamente na grande imprensa recrutando doadores todos os dias.
Sabemos que nos dias atuais muita gente espera em uma fila até duas horas para entrar em um estádio e assistir uma a partida de futebol. Esperam dias para comprar ingresso de um show, pagam caro em água morna, cerveja quente, amendoim super salgado, preços abusivos dos taxis e não reclamam de nada, porém, não são capazes de ter a percepção que para doar sangue estará ajudando a salvar até quatro vidas sem fila e no tempo máximo, incluindo a entrevista, de aproximadamente 30 minutos.
Aos nossos amigos e colaboradores pedimos desculpas, em breve, realizaremos uma nova campanha nas mesmas dependência do PET.
Nossos agradecimentos ao administrador do PET , Sr. Emilio Marquetti, por seu esforço e dedicação.
Aos nosso doadores, um pensamento. “ SE UMA VIDA NÃO TEM PREÇO, DEVEMOS NOS SENTIR TRILIONÁRIOS”
José Garcia Telles Júnior é relações públicas do SP Grupo de Jornais e coordenador Social do Movimento Cidadania Ativa.