No século XXI, a falta de tempo da vida urbana dificulta manter uma dieta saudável, o rápido e o cômodo ganham espaço.

Combos fast-food, pastéis, folhados, salgadinhos, bolachas, entre outros, passam a fazer parte do cardápio. No entanto, a nutricionista Roseli Rossi alerta que as guloseimas rápidas são “recheadas” de gordura trans, ácidos graxos que aumentam o LDL (colesterol ruim) e diminuem o HDL (colesterol bom).

A Gordura Trans é um tipo específico de gordura insaturada formada pelo processo de hidrogenação industrial que transforma óleos vegetais líquidos em gorduras sólidas ou pastosas à temperatura ambiente.

Também ocorre esse processo de hidrogenação de forma natural, do rúmen dos animais. Portanto alguns alimentos in natura como carne e leite possuem certa quantidade de gordura trans.

Essas gorduras servem para dar melhor consistência aos alimentos (crocância e maciez) e também em alguns produtos, para aumentar a vida de prateleira. Porém, podem ocasionar prejuízos à saúde, pois está comprovado que ela altera o metabolismo lipídico, elevando os níveis de colesterol total e LDL-colesterol (o colesterol “ruim”) até duas vezes mais do que a gordura saturada.

Também diminui o HDL-colesterol (colesterol “bom”),  aumentando os riscos de doenças cardiovasculares. Há também relatos de que esse tipo de gordura produz a gordura visceral, aquela considerada a mais perigosa para a saúde, que se instala entre os órgãos e fica alojada na barriga.

Entre os males associados à gordura visceral estão diabetes, hipertensão, colesterol ruim e triglicérides altas — todos eles fatores de risco para o coração. Esse conjunto de problemas é chamado de síndrome metabólica. Alguns estudos indicam que a gordura trans pode provocar no pâncreas  uma maior resistência à insulina, ocasionando o diabetes.

Em gestantes a gordura trans pode ser prejudicial, pois elas competem com um tipo de gordura insaturada, o ácido linoléico, que nosso organismo não produz. Isso pode ser prejudicial ao desenvolvimento neurológico do feto e da criança.

Também há evidências que o consumo excessivo de gorduras trans pode estar relacionado com uma maior incidência de câncer de mama. A Organização Mundial da Saúde preconiza 2,0 gramas de gordura trans por dia, no entanto não existem estudos suficientes que determine o valor diário (%VD) de gordura trans por dia. Portanto, evite ao máximo alimento com esse tipo de gordura.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que os fabricantes de produtos alimentícios, estampassem nos rótulos de seus produtos a quantidade de gordura trans em suas fórmulas.

Preocupados com isso, as indústrias estão tendo maior dificuldade em substituir a gordura trans sem alterar as características dos alimentos, por isso, muitas estão investindo em pesquisas com o objetivo de tornar isso possível.

Atualmente já é possível encontrar no supermercado alguns produtos denominados trans free (livres de gordura trans). São poucos, mas em breve esse número deverá crescer, já que isso é uma tendência mundial e está de acordo com a política de alimentação e nutrição desenvolvida pelo Ministério da Saúde, que tem como um de seus propósitos a promoção de práticas alimentares saudáveis englobando medidas que possam interferir no padrão de alimentação da população.

Alerta

O alerta em relação à gordura trans é muito importante, devendo-se tomar muito cuidado com essa gordura já que ela é muito prejudicial para o nosso organismo.

Deve-se levar em conta a quantidade de gordura trans ingerida, pois dependendo do alimento ingerido, como por exemplo, uma porção de batata-frita pode ultrapassa a cota de uma semana de gordura trans.

O que se pode fazer é prestar mais atenção na informação sobre a presença ou não de gordura trans nos rótulos (que agora é obrigatória) e também observar a lista de ingredientes dos alimentos processados. Se aparecer a palavras “hidrogenadas”, “parcialmente hidrogenado” ou “gordura hidrogenada”, certamente possui gordura trans. Quanto menos alimentos de esse tipo consumir melhor para a saúde.

Em paralelo às pesquisas surge um novo substituto: o óleo de palma, pode ser facilmente transformado em gordura sem ter que passar pelo processo de hidrogenação, além de possuir a mesma capacidade de realçar o sabor e aumentar a vida dos produtos nas prateleiras.

A maioria das indústrias já aderiu a esse óleo e tende a aumentar ainda mais o seu consumo.

Alimentos com Gordura Trans:

Alimentos

Porção

Quantidade de gordura Trans  (g)

Biscoito doce

7 unidades

1,4

Queijos amarelos

1 fatia (50g)

0,9

Carne bovina (alcatra, contra filé)

1 bife médio

0,6

Bolacha recheada

2 unidades

0,3

Manteiga

1 colher de chá

0,2

Margarina light

1 colher de sobremesa cheia

3,0

Margarina

1 colher de chá cheia

3,0

Leite tipo B

1 copo (200 ml)

0,2

Creme de Leite

 1 colher de sopa

0,2

Bolinhos doces

1 ½ unidade

2,6

Pão de cachorro-quente

1 unidade

0,5

Macarrão instantâneo

1 pacote

1,6

Biscoito Waffer

4 unidades

2,8

Batata chips

1 pacote pequeno (42,5 g)

3,0

Sorvete

1 bola

1,6

Batata-frita média

1 porção

5,9

Bolo industrializado simples

1 fatia

4,5

Biscoito de água e sal

6 unidades

4,1

Lasanha  industrializada

1 porção (320 g)

3,4

Fonte: Revista Saúde, Setembro de 2006.

Dra. Roseli Rossi, pós graduada em planejamento, organização e administração de serviços de alimentação, é nutricionista e colunista do portal SP Jornal.