Do jeito que as coisas vão, alguém ainda crê que o ex-presidente Lula seja inocente de todos os escândalos revelados e que envolveram o seu nome?
Irregularidades do Fome Zero; escândalo dos Bingos – caso Waldomiro Diniz (primeira grave crise política do governo Lula, em 2004); escândalo dos Correios (segunda grave crise política do governo, em 2005); escândalo do Valerioduto (2005); sem contar o Mensalão e vários outros casos (como o dos Cartões Corporativos, descoberto em 2007), fazem parte de uma lista imensa de esquemas e desvios de dinheiro público, praticados entre 2003 e 2010, e cuja existência o ex-presidente Lula nega ainda hoje.
O problema, é que em todos os casos, há provas de que os esquemas ilegais existiram e foram praticados por gente de seu conhecimento, muito próxima a ele.
O último destes, veio à tona com a Operação Porto Seguro da PF de SP, que desarticulou uma quadrilha comandada pelos irmãos Paulo e Rubens Vieira, instalados em cargos de direção de agências reguladoras, estes que foram indicados pela chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha – mulher de confiança do ex-presidente Lula.
A quadrilha tinha o objetivo de conseguir pareceres fraudulentos. Procurado pela imprensa, Lula incumbiu a seus assessores de dizerem que ele ficará 12 dias em giro internacional, viajando por Catar, Berlim, Paris e Barcelona. Marco Aurélio Carvalho, advogado do PT, adiantou-se: “Lula não deve explicações, porque não é alvo de nenhuma investigação”.
Marco Aurélio se esquece, de que Lula sempre deverá explicações ao povo, por mais que não as queira dar. Ele foi o presidente do Brasil e este é o seu ônus. Está mais do que na hora dele saber alguma coisa e prestar esclarecimentos a sua Nação e à Justiça Brasileira.
Afinal, quem não deve, não teme. Mas será que Lula não deve nada mesmo? Por que tanto se esquiva de buscar esclarecer a população e punir quem tenta manchar a sua imagem? Por que tentou chantagear o Ministro Gilmar Mendes, ainda este ano, antes do julgamento do Mensalão?
Acho difícil, seria muita ingenuidade, alguém ainda achar que Lula seja um santo, que isto tudo não passe de um golpe contra ele e seu governo – que de bom, mesmo, não teve nada. Quer ver só?
O Brasil vive há 10 anos um atraso imenso. Na economia, o PIB de 0,6% do último trimestre prova isso. Na Educação, o penúltimo lugar em 40 países, perdendo posição para a Tailândia e ganhando apenas da Indonésia, é outra prova. Em sete anos, durante a gestão do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (este que em breve assumirá a prefeitura de São Paulo), o MEC recebeu da União quase meio trilhão de reais para investimento!
O que foi feito com este dinheiro? Onde foi aplicado? Sem contar as duas vezes em que houve o vazamento do gabarito do Enem, às vésperas da prova (2010/2011). As cotas raciais, que não passam de uma atitude ainda mais preconceituosa, é mais uma das medidas eleitoreiras absurdas, sem qualquer cabimento.
Na saúde, a situação precária que já estamos cansados de ver… Na cultura, a falta de incentivos à leitura, ao teatro, à boa música (mas o que fazer, se o próprio ex-presidente batia no peito, cheio de orgulho, pra dizer que não lia, por que achava chato – isto dentro de uma Bienal; tinha estudado pouco e se tornado presidente – olha que exemplo! E ainda por cima – uma última pérola dele: Era filho de uma mulher que nascerá analfabeta…).
Na Política internacional, outros grandes feitos: Lula abraçou ditadores (Muamar Kadafi, na Líbia, Mahmoud Ahmadinejad, no Irã); defendeu políticas rígidas de outros países contra a Democracia (Venezuela, Cuba); concedeu asilo político a um terrorista italiano, conhecido com Cesare Battisti, e que foi condenado à prisão perpétua em seu país; mandou de volta à Cuba, dois pugilistas que queriam – e com razão, abrigo no Brasil, para fugirem do radicalismo ditatorial dos irmão Castro; permitiu que um índio cocaleiro, o presidente Evo Morales, desapropriasse as instalações da Petrobrás na Bolívia (investimento feito com dinheiro brasileiro) e aceitou, mansinho como um cordeirinho, as exigências de Fernando Lugo, então presidente do Paraguai, em 2009, de que o Brasil pagasse a mais pela energia excedente que compra daquele país e que é gerada pela Usina de Itaipu (construída pelo governo militar brasileiro), e ainda aceitou investir em obras que levariam energia elétrica de Itaipú até Assunção, em parceria com o governo de lá. Tudo isso com dinheiro meu, seu, de todos os brasileiros.
Na política nacional, não foi diferente. Não promoveu as reformas necessárias, tais como a tributária, a previdenciária, a eleitoral, dentre outras que são extremamente importantes no intuito de desatarem os nós que impedem o Brasil de crescer mais e melhor.
Passou por cima das leis e da ética, usando e abusando da máquina administrativa em favorecimento dos candidatos que queria eleger e reeleger a todo custo. Pensando na autopromoção, fez de tudo para que o Brasil fosse o escolhido para sediar a Copa em 2014 e as Olimpíadas, em 2016, mesmo não tendo resolvido nem um terço dos gargalos nacionais.
Hoje, falta transporte, estradas, aeroportos, segurança, enfim, o básico do básico. Desrespeitou adversários políticos ao aceitar que informações sigilosas destes, de dentro da Receita Federal, viessem a público na elaboração de falsos dossiês contra os mesmos.
Não permitiu investigações da própria PF, contra aliados seus no Governo, o senador e presidente do Congresso José Sarney, por exemplo, bem como todo e qualquer cidadão suspeito de cometer uma irregularidade está sujeito.
A Operação ficou conhecida como “Boi Barrica” e jornais como o Estadão, foram proibidos de divulgar qualquer nota a respeito, num ato extremo de censura. Por fim, já fora do governo, apertou as mãos de Paulo Maluf, a quem sempre criticou em razão de tantas acusações de corrupção e dinheiro público aplicado na Suíça. O motivo? Eleger Haddad, a todo custo, prefeito de São Paulo.
Contudo, sem dúvida, seu maior erro, foi o de ser conivente com tantos esquemas e desvios neste país, sabendo das necessidades de seu povo, das urgências da nação e ainda por cima, tendo pregado por tantos anos, a ética, a honestidade, o amor à pátria, coisas que ele já provou que não tem e nunca teve.
Seus únicos amores, sempre foram o poder e a ganância – e acho que nem a dona Rose ou dona Marisa Letícia, conquistaram tanto o ex-presidente quanto os dois primeiros. O bom disso tudo, é que o tempo se incumbe de mostrar a verdade, por mais que tentem esconder.
E a imprensa, por mais árdua que lhe seja esta tarefa, faz o seu papel: garante o registro dos fatos, das provas e a certeza de que tal história, partido nenhum jamais vai apagar.
Fernando Aires é formado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Unicid, é jornalista e colunista do portal SP Jornal.
E-mail: fhaires@gmail.com