Não foram poucas as frases ofensivas de Maluf para Lula e de Lula para Maluf na história política dos dois.
Vamos ver 6 delas para mostrar a maneira respeitosa e carinhosa com a qual as duas figuras políticas se tratavam.
Maluf dizia assim sobre Lula:
“Quem votar em Lula vai cometer suicídio administrativo”. Paulo Maluf, quando era candidato a presidente em 1993.
“Faz 15 anos que Lula não está no torno, que não conta como vive e quem paga seu salário”. Paulo Maluf, quando era prefeito de São Paulo, em 1993.
“Declaração infeliz do presidente. Ele não está a par do problema, e se ele quiser realmente começar a prender os culpados comece por Brasília. Tenho certeza de que o número de presos dá a volta no quarteirão, e a maioria é do partido dele, do PT”. Paulo Maluf, em 2005, sobre as declarações de Lula a respeito de sua prisão.
E Lula dizia assim sobre Maluf:
“O símbolo da pouca-vergonha nacional está dizendo que quer ser presidente da República. Daremos a nossa própria vida para impedir que Paulo Maluf seja presidente”. Luis Inácio Lula da Silva , no Comício das Diretas Já, na Praça da Sé, em 1984.
“O problema do Brasil não está no deputado Paulo Maluf, mas sim nos milhares de ‘malufs’”. Luís Inácio Lula da Silva, em 1986
“Se o Maluf é pescador, ele sabe que pegar lambarizinho é muito mais fácil que pegar peixe graúdo”. Luiz Inácio Lula da Silva, Lula, em 2003, ao falar sobre o combate ao crime organizado em São Paulo.
Estas e outras diversas frases marcaram época.
No entanto, no ano de 2002, Paulo Maluf mostrou aproximação com o PT apoiando Genoíno para governador no segundo turno, uma vez que o mesmo disputava com Alckmin, que acabou por vencer.
O Partido Progressista, de Maluf, se aproximou muito de Lula entre os anos de 2003 e 2010. A cada ano, a cada eleição e cada projeto, o PP fazia cada vez mais parte da base aliada.
No ano de 2004, Marta Suplicy aceitou o apoio de Paulo Maluf do segundo turno das eleições municipais, já que a disputa com José Serra requeria uma aliança a qualquer custo. E é claro que não de certo. Serra venceu e, após largar o mandato, o vice Gilberto Kassab assumiu a pasta, que o levou a se eleger em 2008 quando candidato oficial à prefeitura.
As alianças de PT já estavam estranhas e muito questionadas.
Neste meio tempo, figuras importantes da história do partido pediram desfiliação. Plínio de Arruda Sampaio, Heloísa Helena, Ivan Valente, Soninha Francine, Marina Silva e tantos outros bons parlamentares de esquerda deixaram o partido que havia deixado de ser dos trabalhadores há muito tempo.
Enquanto políticos saíam do partido, o caciques do PT, inclusive o ex-presidente, eram investigados pelo maior escândalo de corrupção da história, o mensalão. E enquanto a apuração do processo ocorria, Lula continuava a fazer alianças questionáveis como quando recebeu apoio de Sarney e Collor. O primeiro pelos escândalos em que se envolveu com relação à ética no senado. E o segundo, como todos sabem, sofreu impeachment por corrupção.
Como se não bastasse as derrapadas do partido, Lula insistiu em lançar um candidato novo na cidade de São Paulo.
E como todos sabem, historicamente, o PT é “freguês” do PSDB e da direita na cidade e no governo de São Paulo. Para tornar o seu candidato (Haddad) conhecido, era necessário mais tempo de horário eleitoral.
E foi aí que Lula, de maneira cega e sem orientação, não percebeu – ainda que o óbvio -, que uma aliança com Maluf causaria um grande ruído em sua já desgastada imagem. E Haddad, que não parece ser ruim, mas que já se sujou antes da hora, perdeu uma oportunidade de começar direito e projetar a imagem de uma nova alternativa na política.
Luiza Erundina, outra política que saiu do PT já faz um tempo, percebeu o tamanho do ruído que a situação lhe causaria, saiu da chapa como vice, e não subirá no mesmo palanque que Maluf. Disse que não conseguiria achar normal estar ao lado dele.
O mundinho moderno esse do PT não?
Antonio Gelfusa Junior é diretor de marketing do SP Grupo de Jornais (SP Jornal, Jornal de Vila Carrão, Jornal do Tatuapé e Jornal de Vila Formosa).