As necessidades humanas foram esquematizadas na famosa Pirâmide de Maslow, que vai da fisiologia à realização pessoal. Ela demonstra que as pessoas só atingem elevados patamares da criatividade e da realização pessoal depois de terem sido satisfeitos os requisitos básicos de sobrevivência, tais como alimentação, abrigo e repouso, entre outros.

Ou seja, as capacidades humanas voltadas para a inovação tecnológica, a criatividade artística, a eficiência no trabalho e o aproveitamento educacional, só podem ser estimuladas por meio de uma rede articulada de iniciativas e políticas públicas que visem ao atendimento das necessidades mais essenciais do ser humano.

A pena de Graciliano Ramos em Vidas Secas e as tintas de Cândido Portinari no quadro Retirantes são ilustrações simbólicas dessas trevas desumanizantes, que tão mal fazem à sociedade. Personagens que de tão carentes de quaisquer elementos mais fundamentais a uma condição digna confundem-se com a paisagem agreste, com os animais esquálidos e com a vegetação inerte.

Nos centros urbanos, a miséria está estampada a cada esquina, nos sem-teto que invadiram as ruas e, pedintes, desafiam a sensibilidade dos mais abastados. O único objetivo que os mantêm vivos é a luta pela sobrevivência. Buscam a superação, ainda que inconscientemente, dos primeiros degraus daquela pirâmide… E nessa jornada incessante, toda a energia criativa, inerente à condição humana, é desperdiçada.

Quantas ideias, quantas soluções, quantas inovações não se perderam, e ainda se perdem, nas brumas da exclusão social?

*André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Sociais.

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Foto: Divulgação.