Todo mundo sabe que a Globo e outros grandes veículos ganham milhões com o Corinthians e Flamengo, que são times populares. Direitos de transmissão, grande audiência em jogos e a popularidade de estrelas.
Com o Corinthians, que tem um passado recente de boas atuações nacionais e internacionais, nem se fala. Talvez não seja mais a segunda torcida do Brasil, deve até já ser a primeira.
O problema das torcidas, em geral, são os maus torcedores, bandidos e agressores. Esses existem em qualquer clube, do Sul ao Norte do país.
Os torcedores sempre tentam entrar com morteiros e rojões nos jogos. No Brasil a revista não é ideal, mas com certeza é melhor que a da Bolívia.
Os bolivianos não perceberam que alguns torcedores do Corinthians entraram com artefatos no jogo de ontem, na estreia do time na Libertadores. Falha grave na segurança!
No Brasil, muitas torcidas utilizam o artefato. Algumas com espetáculos fora de série, mas quando não controlados, podem causar uma tragédia como a de ontem, que matou um menino de 14 anos.
Haverá punição? No Brasil, a torcida do Santos jogou moedas no jogador Ganso e perderá um mando de campo. A torcida do Palmeiras quebrou parte do Pacaembú e perdeu mandos de campo. Um indivíduo da torcida do Corinthians matou um adolescente, o que acontecerá? Em competições sul-americanas as penas geralmente são brandas.
O artefato é uma grande característica da torcida do Corinthians. A televisão adora enaltecer que o torcedor corinthiano é barulhento, gosta de farra e de chamar atenção. Mas todos sabem que este tipo de torcedor existe em diversos times, mas, no Corinthians, como é um clube popular, existe em grande quantidade.
O fato é que não é de hoje que quando o clube joga e chega a reta final de algum campeonato, a farra e o desrespeito começa logo cedo. Rojões, morteiros e bombas fazem parte da rotina a partir das 6h da manhã. Muitas vezes o jogo encerra à meia noite e às 5h da manhã o desrespeito ainda continua.
Todo mundo tem direito de gritar, comemorar, mas ninguém tem coragem de falar quantas pessoas, idosos, grávidas e crianças são atormentadas em seu sossego por causa do exagero destes torcedores. O problema está na falta de respeito ao cidadão. Existe sim exageros e a mídia e as autoridades não tem coragem de falar e enfrentar abertamente o assunto.
Em um condomínio ou numa rua, não se pode colocar som alto, exagerar em algum tipo de barulho, mas quando o jogo do Corinthians acontece, pode até matar de infarto algum idoso com o barulho de bombas e rojões que fica tudo certo.
A imprensa, por sua vez, acoberta o processo. A Globo e outras emissoras, cansaram de induzir a opinião pública dizendo que a Gaviões é a torcida mais apaixonada do Brasil. A imprensa ficou 2 meses falando do mundial de clubes, de loucuras feitas por torcedores, mas falou apenas 1 dia da selvageria cometida no aeroporto quando os torcedores acompanharam o time. E no caso de hoje, vai falar, novamente, apenas 1 dia da morte de um adolescente, inocente, que deixou pai e mãe desolados para o resto da vida.
O clube não tem culpa nenhuma disso! Está em ótima fase, contas equilibradas, jogadores e dirigentes bons. Mas o fato é que a mídia está colocando na cabeça dos torcedores que o clube é imbatível, intocável, às vezes, até como a melhor opção a se torcer. E quanto aos outros grandes clubes? São também grandes e também tem os mesmos méritos de conquistas e deméritos de violência de torcedores!
Fanatismo também não significa violência. No ano passado um torcedor vendeu o carro para ver alvinegro no Japão. Um torcedor do Palmeiras largou o emprego para acompanhar a campanha do quase rebaixado time. Largou mulher, filhos e o próprio ganha-pão. Quem é mais fanático? Impossível medir. São todos iguais! E isso não significa que são violentos.
As pessoas têm direito de se entreter com o que quiserem. Futebol, novela, internet, enfim, cada um paga suas contas e tem direito de se divertir com o que quiser! Mas ninguém é maior e nem melhor do que ninguém!
O torcedor do Santa Cruz, na terceira divisão é o torcedor que mais frequenta estádio do Brasil, e nem por isso é mais fanático que o são-paulino, palmeirense ou ponte-pretano.
Todos maus torcedores, principalmente os arrogantes, que acham que seu clube é sempre o melhor, não respeitando o outro, são o maior problema do esporte.
Alguns maus torcedores, no caso do Corinthians, dizem assim: “paguem seus impostos em dia que o Itaquerão não pode esperar”! São pessoas que acham certo R$ 1 bilhão serem destinados para um estádio sendo que a cidade tem outros problemas bem mais urgentes.
Um torcedor também disse assim: “a cidade terá três vezes este valor de volta em sua economia com o evento da Copa de 2014”.
Acontece que não é correto uma cidade ou mesmo um país viver só de futuro. No presente de hoje, crianças e idosos morrem em filas de hospital, o trânsito deixa cidadãos depressivos e presos por até 4 horas ao dia, enchentes excessivas acontecem o tempo todo e a educação está de péssima qualidade. Todos os problemas nos mostram que este dinheiro poderia ter sido sim investido em outros setores.
O mau torcedor, que se parece muito com o mau eleitor, infelizmente, merece todos os problemas que enfrenta. A partir do momento que acha certo tirar o sossego com barulho excessivo, tirar a vida de alguém com um rojão e até mesmo que é correto o dinheiro de impostos ir para benefício de um clube de futebol, com certeza, tem de arcar com todas as consequências.
E quanto a grande imprensa, pois é, ela estará muito ocupada dizendo que a morte de um garoto por causa de futebol foi uma “notícia chata” e continuará chamando alguns cidadãos brasileiros de imperador, fenômeno e gladiador.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e diretor do SP Jornal.