Sou formada em Gastronomia a algum tempo já, isso quando o curso não era nem tão famoso e desejado como é hoje. Já durante a faculdade estagiei na maior quantidade de hotéis e restaurantes possíveis para adquirir experiência e poder aproveitar completamente o que o curso me oferecia. Sempre defendi a necessidade em aliar a gastronomia ensinada na faculdade com a gastronomia vivida no dia a dia do restaurante, da cozinha de hotel ou de um grande serviço de buffet; só assim consegue-se realmente sair de um curso de gastronomia com toda a formação necessária para seguir uma carreira de sucesso.

A faculdade abriu minha mente em relação à necessidade de estudar, compreender e pesquisar sobre Gastronomia. Uma cozinha não é feita apenas com mãos habilidosas e sabores deliciosos, mas também com muita história, origens e por que não dizer, química? Um curso de Gastronomia nos ensina que não se trata apenas de juntar um monte de ingredientes exóticos com técnicas complicadas e esperar que isso se torne um prato de sucesso.

A gastronomia é uma sucessão de conhecimentos práticos, técnicos e teóricos que juntos criam esse universo tão tentador. Logo após a faculdade já comecei a trabalhar com eventos, cai de cabeça em diversas cozinhas, trabalhei no exterior, fiz outra faculdade ligada a alimentação até então passar a trabalhar como personal chef e como docente de Gastronomia em algumas universidades do Brasil. E a história sempre se repete: “hummm, Gastronomia, que curso gostoso, fácil e rápido!” Pois é leitores, sinto-lhes dizer que gastronomia não é um curso fácil, muito menos rápido. Sim, é uma delícia, todos os dias provamos as mais variadas combinações, aprendemos a degustar vinhos de diversas regiões, harmonizá-los com comida italiana, brasileira, francesa, americana – não tem como ser ruim! Mas quem cai nesse mundo achando que tudo que se come é bom, creio que é melhor rever conceitos bem antes de decidir entrar com a cara e a coragem em uma cozinha.

O ambiente de uma cozinha é um tanto quanto hostil, e o ensinamento, a aprendizagem, a vivência gastronômica não tem fim. Engana-se mais uma vez quem pensa que uma faculdade de gastronomia vai formar um profissional prontinho para o mercado; só o dia a dia tornará possível um cozinheiro com muito mais que mãos habilidosas – é cabeça, corpo e alma funcionando em sincronia a todo momento.

A faculdade de Gastronomia dá toda a base necessária para levar a profissão para diversos caminhos: personal chef, professor, cozinheiro, chef, restaurateur, consultor, mas cabe a nós decidirmos o que queremos fazer com tantas opções e com uma infinidade de conhecimento.

E volto a insistir, a faculdade de Gastronomia é muito gostosa, pode parecer fácil e até mesmo rápida, mas são pensamentos assim que levam muitos a desistirem no justo ponto quando coloca-se os pés dentro de uma cozinha e depara-se com uma profissão pesada, cheia de comprometimento, de muita doação mas de muito amor. E você, quer ser cozinheiro?

Joyce Galvão,  é chef de cozinha e Engenheira de alimentos.  Professora, pesquisadora de gastronomia, palestrante e colunista do portal SP Jornal.