Segunda psicopedagoga, muitos adultos pensam que os filhos só estão protegidos quando estão com eles. Férias chegando, filhos querendo viajar para curtir com os amigos um acampamento de férias e muitos pais medrosos não querendo deixar. Essa cena é comum em muitas famílias, enquanto a garotada anseia pela liberdade de viajar sozinha, os pais nem sempre concordam, pois para muitos deles os filhos ainda não são crescidos e maduros o bastante para se virarem sozinhos. Mas quem já foi criança e adolescente um dia, sabe que uma das maiores conquistas nesta fase é justamente quando conseguimos dar nossos primeiros passos, longe daquela proteção dos pais, e nisto inclui várias etapas vencidas, como o primeiro dia de aula, o final de semana na casa dos parentes, a primeira viagem com os amigos, entre tantas outras.

Segundo a psicopedagoga Marilda Martins Pereira de Souza, coordenadora do Colégio Salesiano Santa Teresinha, é normal as situações novas gerarem certa insegurança. “Os pais sentem medo quando ficam distante de seus filhos por uma semana ou mais, porque acham que os filhos só estão protegidos quando estão com eles.”, completa.  Mas, é necessário tomar cuidado para esse medo não ser algo sufocante, ou mesmo se tornar um empecilho no desenvolvimento da criança.  Nos Estados Unidos, por exemplo, é quase uma tradição o envio de crianças e adolescentes para acampamentos de férias. Aqui no Brasil, porém, os pais são mais resistentes à atividade.  “Muitas vezes as famílias não conhecem a proposta que o acampamento tem e ficam preocupados com: como vão lidar com as crianças, se vai ter algum tipo de limite ou não.

Às vezes, a sensação é que o acampamento vai trabalhar com a criança solta, onde ela vai poder fazer o que bem quer. Mas, antes de enviá-los os pais, primeiro, precisam conhecer a proposta que a empresa de lazer tem, com que trabalha, qual a organização do dia a dia da criança, além daquela programação de brincadeiras e atividades e o que está embutido nela.”, destaca o Professor e Doutor em psicologia da educação, João Carlos Martins. O que muitos pais não sabem é que, enviar crianças em viagens de férias para um acampamento, não é apenas divertido, mas também educativo. “Eles precisam perceber que ao enviarem a criança ou o adolescente a esse local estarão ajudando o filho, que além de usufruírem de atividades de lazer, irão aproveitar aquela experiência, para crescer, para lidar com outras relações, aprendendo a socializar, dividir, ouvir, lidar com regras como, por exemplo, as esportivas, das brincadeiras, arrumar a cama, cuidar de seus pertences, administrarem o crédito da cantina e os horários das atividades, entre outras.

É uma experiência de autonomia e crescimento.”, detalha Martins. Além disso, segundo a Associação Brasileira de Acampamentos Educativos (ABAE), um acampamento precisa ter uma estrutura que ofereça saúde, nutrição, segurança, recursos humanos, infraestrutura de recreação e de lazer. “A associação, fundada em maio de 1999, surgiu para oferecer subsídios que auxiliem na escolha da melhor opção de programa de acampamento, tanto para pais como para a comunidade escolar, sendo uma escolha segura para as famílias enviarem seus filhos, hoje carentes de espaço, convívio social e independência pessoal.”, desta Marília Rabello, diretora da instituição. Cabe aos pais terem o cuidado de não controlarem demais as crianças e adolescentes e sim ensiná-los a viver, pois não há problemas em deixarem que respirem um pouco por si mesmos. Viajar para um acampamento é apenas uma etapa dessa emancipação. Longe dos pais, eles se sentem mais responsáveis e ganham mais autonomia. “Na sociedade de hoje está faltando autonomia, pois os pais estão com muita dificuldade de criar isso nos filhos. Eles ficam na realidade protegendo os filhos dentro de casa e da sociedade, criando, ali, seres que não sabem viver em sociedade.”, finaliza o professor João Carlos.

Reportagem: Da Redação. Foto: Divulgação.