Muito se discute a respeito do que falta ao Brasil. Material para debate é o que mais se tem, em razão de sucessivos governos espúrios, que exploram cada vértice da região a qual dizem representar.

O Brasil é lesado e não é de hoje, mas não apenas por quem detém o poder. É mais lesada a nossa pátria, pelos comandados. Em outras palavras, o Brasil de hoje é um reflexo do comportamento social: do que somos, pensamos e fazemos. Muitos políticos não sabem a quem ou o que representam.

Pelo que lutam ou para quem trabalham. É absurdo, claro. Mas quem os colocou em seus cargos? E muitos brasileiros sequer sabem em quem votaram ou mesmo, jamais leram qualquer notícia política.

Vive-se uma grande inversão de valores, onde a sociedade se encontra muito longe de ser um exemplo de seriedade, a fim de poder pautar e cobrar o trabalho do poder público. Aliás, esta mesma sociedade, é cada dia mais condizente e cúmplice das estapafúrdias cometidas com nossos patrimônios nacionais: a educação, a saúde, a segurança pública, a infra-estrutura e a qualidade de vida, bens essenciais e que deveriam ser custeados pelo nosso dinheiro.

No entanto, tal recurso escoa nas estravagâncias dos políticos, bem na cara do povo brasileiro. Este, que permite candidamente. Se temos um governo omisso é porque temos também grande parte de nossa população alienada, omissa e conivente tanto quanto a respeito das necessidades do país.

Por exemplo: quantos são capazes de apontar e reclamar uma injustiça? Quantos são capazes de chamar a atenção de um ente querido, se este comete uma falha com alguém? Quantos cobram a si mesmos pelos seus atos? Fala-se em roubos, desvios de verba pública, mas quantos já não deram e ainda dão o famoso “calote” em alguém?

Quantos não se dizem “espertos” e já não tentaram furar uma fila; burlar uma lei; passar um cheque sem fundo; “engraxar” a mão de alguém para conseguir um fim; cobrar um dinheiro por fora, por algo que poderia ser feito de graça – e pior ainda quando se cobra de alguém que já não tem mais condições.

Que atire a primeira pedra, quem nunca tentou ser “esperto”. A honestidade virou exemplo de ingenuidade e o sistema, hoje engessado, nos faz recordar a famosa frase de Ruy Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidade, o homem ainda sentirá vergonha de ser honesto”. Perdeu-se o respeito ao ser humano, ao bom profissional. Pais já não ensinam mais seus filhos a serem éticos, responsáveis, profissionais e CIDADÃOS.

Pais e filhos pouco ou nada se conversam,e noutros casos, o amor exagerado deu lugar à triste deseducação que forma hoje pessoas desprovidas de inteligência, senso crítico, compreensão e dignidade. Quando não ensinam o contrário, simplesmente são cegos de amor próprio, defendendo o rebento não importa a sua idade e atitude! E esta gente vota, obviamente, em quem sente mais simpatia.

Claro, não somos perfeitos, tudo na vida requer aprendizado, exemplos, mas não somos impedidos de nos corrigirmos a tempo, mudarmos o pensamento e a atitude, quando movidos de bom idealismo. Corrigindo o que estiver errado, seja onde for, estamos cada qual fazendo a sua parte, em prol de uma sociedade mais justa, coerente e evoluída. Automaticamente, estaremos selecionando melhor nossos representantes.

Afinal, não basta dar conhecimentos e preencher a vida de uma pessoa com recursos, sem dar a ela o mínimo de formação pessoal para distinguir o certo do errado. Em época de eleição, seja pra qual cargo for, muitas dúvidas surgem, mas nenhuma mais importante do que esta: Qual o país que você leitor está ajudando a construir e quer ver no futuro? O da omissão, da impunidade e da cegueira ou o da justiça, do amor e do trabalho?

Fernando Aires é formado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Unicid, é jornalista e colunista do portal SP Jornal.