Todas as vezes que falamos sobre reciclar pensamos imediatamente em materiais sólidos. Uma relação muito natural principalmente porque o Brasil é campeão na reciclagem de latinhas de alumínio – reciclamos mais de 90% desse material – outros ainda ficam atrás variando entre 45% a 55% de acordo com dados fornecidos pelo IBGE.(www.ibge.gov.br).
Passados 20 anos desde o evento Eco 92 e poucos meses do encontro internacional Rio+20, ambos realizados no Rio de Janeiro, nos perguntamos se algo mudou na sociedade nos últimos anos, se as discussões serviram para alguma coisa.
Sem dúvida alguma trazer à discussão um assunto nunca vai deixá-lo no mesmo lugar onde foi encontrado. O debate, as conversas dão às ideias movimento e isso faz com que o pensamento progrida. Nos últimos 20 anos as pessoas mudaram suas posturas e sua visão com relação ao consumo e ao meio ambiente. Passaram a falar e pensar na economia verde, na sustentabilidade, em soluções alternativas que amenizem os impactos sobre o planeta.
O conceito de sustentabilidade inclui os fatores ambientais, econômicos e sociais. Mas onde fica o homem nesse contexto? A solução passa necessariamente pela compreensão que as pessoas precisam ter enquanto parte deste todo que é a vida. O planeta, os homens, os animais, as florestas, todos somos um.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, sugere com muita propriedade a inclusão de um quarto fator nesse conceito, o da espiritualidade. Afinal, a verdadeira mudança começa na consciência de cada pessoa. Segundo Loures, “a psique do indivíduo e sua relação com o mundo gera as mudanças de atitude”.
Vivemos um momento de insegurança física, econômica e social. Mas é possível vencer o medo mudando nosso modo de pensar o mundo. É possível reciclar nossos pensamentos, nossas ideias e então poderemos ver as soluções que já existem.
Há uma opinião, geralmente aceita, de que as capacidades humanas diminuem à medida que se envelhece. Isso não é algo que deva ser aceito. Uma amiga quase aceitou essa ideia quando seu neto nasceu. Acreditou que não tinha mais idade para correr, brincar ou passar noites acordada. Porém, sustentar a ideia de velhice e decrepitude não é saudável. Aceitar limitações em razão da idade acarreta isolamento, incapacidade, depressão, solidão. É possível escolher uma vida plena, saudável e ativa.
Expressar qualidades espirituais, tais como sabedoria, atividade, alegria, paciência, disposição, independe da idade. Reciclar os pensamentos e alinhá-los às ideias corretas revela as qualidades já existentes, que nunca se perdem. Essa postura mental se reflete diretamente na saúde e no bem-estar.
Na bíblia lemos em Romanos: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Ou seja, não estamos condenados ao pensar egoísta, capitalista, limitado ou doentio. Ao contrário, temos capacidade de expressar saúde, atividade, altruísmo, progresso, enfim soluções. Somos capazes de reciclar as ideias ultrapassadas e descobrir maneiras surpreendentes para tornar a vida possível e agradável. A humanidade possui grandes dons, entre eles, o amor e a inteligência.
Esses são os verdadeiros pensamentos que devem ser reciclados gerando as mudanças sustentáveis que precisamos.
Andrea Cabral é advogada e jornalista. Atua como porta-voz da Ciência Cristã no Brasil e é colunista do portal SP Jornal.
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