Muitas vezes acordo com frio, neste inverno, pego mais uma coberta e, não bastando, ainda tomo um leite quente. Coloco um par de meias de lã e volto para cama, mas vem um pensamento que me tira o sono e divago.

Todos os seres humanos tem o direito de ter um teto, um lar e uma comunidade, em suma, um mínimo de conforto, mas não é assim que acontece. E por quê?

E fácil criticar dizendo: São vagabundos, não gostam de trabalhar. Mas, será mesmo? Ou será que a causa foi uma decepção amorosa, abandono dos familiares, bebidas, drogas, ou outras coisas mais. Com certeza, há muitos motivos que podem levar um individuo para a rua.

O que não pode é a gente deitar a cabeça no travesseiro, fechar os olhos e achar que está tudo normal. Porque somos corresponsáveis por tudo que acontece lá fora. Temos que nos doar um pouco. Ir até os dirigentes, aos prefeitos e a outros governantes, para reivindicar a reedificação dos direitos do ser humano.

Acredito que muitos dos que vivem da mendicância já podiam estar aposentados e, às vezes, por falta de conhecimento e informação, levam uma vida precária nas ruas de São Paulo.

Será que é tão difícil verba para abrir uma instituição onde esses, que não têm um teto, poderiam participar de atividades culturais e recreativas, além de aprender um oficio? Não apenas para recolhê-los e acolhê-los nas noites frias, mas para que seja o lar que nunca tiveram. Com direito a médicos, psicólogos e tudo que sirva para o bem-estar de jovens e idosos. Vamos nos unir e cada um fazer uma parte, por pequena que seja, pois, só assim, haverá um fortalecimento na relação entre povo e os dirigentes.

Ser mendigo é uma casualidade para quem mendiga e uma vergonha para uma imóvel sociedade.

Zulmar Tamburu é formada pela Escola Panamericana de Artes Design. É escritora, poetisa, compositora, artista plástica e colunista do portal SP Jornal.

E-mail: zulmartamburu@hotmail.com