Haddad é articulado, tem boa desenvoltura e realiza bons discursos. Entretanto, Dilma e Lula sempre perderam as eleições para tucanos nos colégios eleitorais da capital.

O apoio deles foi importante para eleição de Haddad, mas não foi fundamental. Quem elegeu Haddad foi José Serra!

Serra foi ganhando rejeição com algumas ingerências de sua parte. Primeiro deixou a prefeitura e não comunicou os paulistanos o motivo. Em 2011, disse que não seria candidato a prefeito em 2012, e foi.

Nestas situações-chave, Serra não foi coerente com o povo. O tucano só esclareceu que deixou o cargo de prefeito para que o governo do estado não caísse nas mãos do PT, “apenas” 6 anos depois. E só fez isso quando viu que sua rejeição aumentara e perigou de não ir para o segundo turno das eleições para prefeito.

Há anos Serra também cria conflitos em situações constrangedoras com Alckmin e outros tucanos. Uma delas foi sustentar Kassab em seus planos.

Kassab permitiu avanços importantes como prefeito, mas também teve falhas, como todo gestor que já passou por esta cidade. Mas Serra sempre quis os seus indicados no comando. Até apoiou Kassab na fundação de seu novo partido, o PSD.

Voltando à eleição, Celso Russomano liderou boa parte das pesquisas no primeiro turno. José Serra, que perdeu a liderança no meio da campanha, foi para terceiro lugar com a chegada forte de Haddad, e semanas depois, voltou a estar a frente do candidato do PT, retomando a segunda posição.

Para os oponentes de Russomano, sua candidatura seria uma aventura universal, literalmente, até pelo envolvimento da igreja. Qualquer um que chegasse ao segundo turno com ele teria de encarar uma batalha como se fosse do “bem” contra o “mal”.

Neste momento, Haddad e Serra, este último com mais contundência, passaram a agredir Russomano mais intensamente. Com apoio da internet, que contou com a ajuda das redes sociais, viram muitas verdades sobre o deputado defensor dos direitos do consumidor serem divulgadas.

Para surpresa de todos, após tanta discussão no horário eleitoral, Russomano nem ao segundo turno foi. Ficou em terceiro.

E aí que Serra perdeu a eleição!

Sua rejeição teve peso maior que o mensalão de Lula e o passado corrupto de Maluf, apoiador de Haddad. Se o povo está certo ou errado, o tempo vai dizer.

Serra também foi pouco conciso em ser oponente de Haddad. Bateu pouco na questão do mensalão e às vezes parecia frágil frente às discussões. O PT sempre soube ser oposição, o PSDB nunca soube.

Chalita, que teve bom discurso e boa votação, se vendeu ao Haddad, abraçando-o no horário eleitoral. O peso do vice-presidente Michel Temer, do mesmo partido que ele, base aliada da presidenta Dilma, pesou no apoio. Já Russomano não escolheu nem X e nem Y, foi neutro e menos antiético, politicamente falando.

Haddad foi eleito e representa hoje a oposição e mudança ao governo que aí está. A gestão da cidade deve sofrer mudanças radicais nos comandantes de secretarias, subprefeituras e outras repartições no início do ano.

Com promessas de redução do custo do bilhete único e cancelamento da inspeção veicular, Haddad fez sua base no transporte público e na taxa citada.  No entanto, o prefeito eleito já assumiu que não poderá fazê-lo antes de 2014, afinal, tudo que a Câmara Municipal aprova, só pode valer oficialmente no exercício do ano seguinte.

A mudança aí está. Se Haddad conseguir realizar metade de suas promessas, já será um prefeito bom.

O que resta saber, e de suma importância, é se Haddad conseguirá manter Lula, José Dirceu e Maluf longe dos cofres públicos da cidade mais rica do país.

Desejamos uma boa gestão ao novo prefeito, mas não queremos farra com o dinheiro de nossa cidade com já conhecidos e condenados ícones da corrupção do Brasil!

Antonio Gelfusa Junior  é diretor  de marketing do SP Grupo de Jornais  (SP Jornal, Jornal de Vila Carrão,  Jornal do Tatuapé e Jornal de Vila Formosa).