O mundo parou com a tragédia que se abateu sobre o Haiti, cuja a má sorte já vivenciava um infausto cotidiano nesse país co-irmão deixando as pessoas do mundo inteiro estarrecidas, assustadas, compadecidas e entristecidas com o maior cataclismo da história recente.

A verdade é que a terra decidiu gritar por si, resolveu mostrar ao mundo que devemos acordar para a realidade com o povo oprimido por desgovernos em profusão sem auto-estima, sem horizontes e nem dignidade. Uma nação onde seu povo já vivia em situação de miséria total, que sem forças para gritar acabou contando com um trágico “grito” da mãe natureza.

Mesmo com toda a heróica contribuição dos homens de bem que já vinham fazendo um trabalho para minimizar o sofrimento dessa gente, onde muito contribuíram inclusive com a própria vida, hoje, depois desse trágico incidente sabemos que ainda é pouco. Antes, falava-se de tudo, agora, nem se fala, basta lembrar de uma matéria produzida pela TV Globo e levada ao ar em meados do ano passado, onde, dentro de tantas imagens e situações impactantes, exibiu-se a triste realidade de uma mãe que sem ter o que dar de comer aos filhos, fazia “biscoitos” feitos de terra, água, sal e manteiga.

Isso só fez constatar que muito antes do abalo sísmico, a tragédia vivia o dia-a-dia no país e era avassaladora.

Não foi por acaso que um anjo se encontrava por lá. Ela, uma abnegada, foi responsável por poupar muitas vidas de crianças inocentes no Brasil, e assim continuando sua missão, ali estava ela, desta vez no país mais miserável das Américas realizando um trabalho divino, o de poupar a vida de outros pequenos, ensinando e oferecendo uma alternativa digna ao “biscoito de terra”.

Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança e coordenadora da Pastoral do Idoso, passou por lá, e certamente morreu feliz. Morreu combatendo um bom combate.

É triste saber que não veremos mais o seu sorriso de esperança e otimismo. Mas o legado aí está, basta continuar­mos o seu trabalho, justamente num dos países mais carentes do planeta. O futuro do Haiti está também em nossas mãos.

Antonio Gelfusa é diretor e  editor-chefe do SP Grupo de Jornais  (SP Jornal,  Jornal de Vila Carrão, Jornal  do Tatuapé e Jornal de Vila Formosa) e colunista do portal SP Jornal.