Algumas lições políticas do futebol germânico deveriam ser aproveitadas pelos brasileiros.
Após a saída na fase de grupos na Eurocopa de 2000, a Alemanha viu uma grande necessidade de renovar seu futebol, já defasado há algum tempo.
Mais de 300 centros de treinamentos foram instalados no país com o fim de absorver o bom futebol de meninos novos, preparando-os físico-mental-humanamente para evoluir dentro do esporte.
Também uma reforma profunda nas políticas de financiamento dos clubes foi feita. Nenhum clube pode comprometer totalmente sua verba mensal para pagamento de jogadores e dívidas. O clube que tiver problemas de gestão, organização ou dívida é rebaixado como punição.
Isso obrigou os clubes a desenvolver uma política de gestão profissional, focada em resultados, o que de fato é bom para o futebol, para quem contrata, para quem é contratado, e para o torcedor – que passou a ter papel importante em decisões.
Os estádios passaram a encher de verdade com programas de sócio-torcedores, diferentes de torcidas organizadas – financiadas por interesses. Cerca de 80 mil expectadores é a média de público dos jogos do Borussia Dortmund, que foi finalista da Champions League do ano passado ao lado de outro time alemão, o Bayern de Munique, que foi campeão na ocasião e no final da temporada contabilizou 5 títulos.
Tudo foi um processo para a Alemanha. Nos últimos anos participaram de todos torneios importantes, com colocações de vice-campeão, terceiro lugar até atingir o objetivo maior, a Copa no Brasil, lembrando que a Alemanha ficou em 3º lugar na Copa de 2006, em sua própria casa.
Diferentemente, no Brasil, técnicos, jogadores e clubes tem compromisso com a derrota. Não recebem por produtividade, tem salários altos demais e os clubes não são punidos pelas dívidas astronômicas que criam devido a facilitações que recebem de bancos e instituições públicas – esta última financiando jogadores, patrocínios, estádios e outras negociatas.
Isso sem falar no assédio ao jogador jovem, que nem tem tempo de ter sua mente e fundamentos preparados. Antes mesmo se tornarem adolescentes são vendidos para o exterior ou mesmo tem o passe comprado por empresários e dirigentes de clubes, o que suja o futebol com escalações de interesse e queimam cedo demais possíveis talentos.
A Globo também age financiando os clubes, que por terem dívidas altas, recebem cotas de transmissão adiantadas, o que mantem o enorme ciclo de vício nocivo do futebol.
As lições de educação não pararam apenas no grande planejamento e cortesia dos jogadores que aqui vieram, estão também no respeito em momentos de derrota, o que o brasileiro ainda não tem.
Alguém também disse que a CBF é um Brasil que deu certo. Isso é balela! A CBF está envolvida até o pescoço com corrupção e o futebol, daqui por diante, exigirá muito mais que camisa tradicional, torcida e paixão pelo esporte. O futebol necessitará de política, articulação, responsabilidade econômica e responsabilidade social.
E isso, a seleção da Alemanha, nos ensinou muito, deixando o legado social, emocional e financeiro na Bahia e em todo resto do país.
Que possamos aprender com eles: em campo, na gestão financeira e nas urnas!