Bom desempenho econômico-financeiro será no mercado de seguros.
Boa base de dados para matérias e palestras feita por Flávio Faggion Júnior Diretor Presidente, Siscorp Serviços Corporativo faggion@siscorp.com.br
Mais um ano em que o faturamento do mercado de seguros cresce acima dos indicadores econômicos. Tem sido assim nos últimos anos e 2012 foi destaque. A soma dos segmentos de seguros, previdência e capitalização atingiu o expressivo montante de R$ R$ 157 bilhões, crescendo 21% sobre 2011. Foi de 16% em 2011 sobre 2010. Mesmo descontando a inflação pelo IGPM, o crescimento real em 2012 foi de 15%.
Os produtos para pessoas (vida, VGBL , PGBL e previdência = R$ 92,0 bilhões) obtiveram o maior crescimento, alcançando 27% sobre 2011 e representando 59% do mercado. Os produtos de capitalização ( R$ 16,6 bilhões) cresceram 18% e os seguros gerais (R$ 47,9 bilhões), 13%.
Esse crescimento expressivo dos produtos para pessoas, como também capitalização, tem a ver com o maior esforço de vendas das operadoras com distribuição pelo canal banco, aproveitando de um lado, o crescimento do poder de compra da população, principalmente nas classes de menor renda e de outro, a estratégia bancária de aumentar o foco na comercialização de produtos do mercado segurador, como alternativa para minimizar os efeitos das reduções das taxas de juros.
No caso dos seguros gerais, a carteira de seguros de automóveis (R$ 24,7 bilhões), que representou 52% desse segmento de produtos , cresceu 16%, acima dos 13% do total dos seguros gerais. Contribuíram para isso o recorde no ano de vendas de veículos, com o total de 3.801.859 emplacamentos – crescimento de 4,6% sobre 2011, segundo a Fenabrave; a redução dos financiamentos de 8,8% em relação ao registrado em 2011 devido, em parte, às maiores exigências para concessão do crédito, levando os consumidores a comprometer mais recursos próprios e com isso, buscaram a proteção do seguro; e o realinhamento dos preços dos seguros pelas operadoras, que em vários modelos significou aumento de valor.
O DPVAT (R$ 3,6 bilhões), a terceira maior carteira do segmento de seguros gerais, cresceu apenas 6%, provavelmente pela manutenção em 2012 dos preços praticados em 2011. Os seguros de residência e de condomínio (R$ 1,9 bilhão), já apresentando resultados das campanhas promocionais das operadoras, através da expansão dos serviços de assistência, cresceram 16% em 2012.
Os seguros patrimoniais das pessoas jurídicas (R$ 8,0 bilhões), cresceram apenas 5% em 2012, contra um crescimento de 20% em 2011. O baixo crescimento da atividade econômica brasileira no ano, sem que os investimentos dos projetos ligados aos eventos de 2014 e 2016 tivessem ocorrido dentro das expectativas, refletiram no pequeno crescimento da atividade seguradora nos riscos patrimoniais das empresas, notadamente nas coberturas de riscos de engenharia e riscos diversos.
O seguro de transportes (R$ 2,7 bilhões) cresceu 12% em 2012. Foi um bom crescimento dentro do cenário de fraco desenvolvimento da economia, mas aquém das expectativas iniciais, pois o crescimento em 2011 tinha sido de 17%. Também importante em 2012 foram os crescimentos das carteiras de seguro habitacional (R$ 1,8 bilhão) – crescimento de 27% e seguro rural (R$ 1,5 bilhão) com 19%. Esses desempenhos tem forte ligação com a expansão dos créditos concedidos no ano pelos agentes públicos dirigidos para essas atividades.
Resseguro
Em 2012 as seguradoras destinaram ao resseguro R$ 5,7 bilhões, que é igual ao valor cedido em 2011, embora o volume dos prêmios emitidos resseguráveis (R$ 66,2 bilhões) tenha crescido 14% sobre o ano anterior. A relação prêmio cedido/prêmio emitido ressegurável que em 2011 foi de 9,8%, foi reduzida para 8,6% em 2012.
As resseguradoras locais, que por legislação tem reserva de mercado de 40% do volume de resseguro do mercado, arrecadaram em 2012 (dezembro estimado) R$ 3,9 bilhões – crescimento de 21%. possíveis desvios pela defasagem dos registros contábeis dos movimentos de resseguros entre as seguradoras e resseguradoras, o volume arrecadado pelas resseguradoras locais em 2012 representou 68% do valor destinado ao resseguro pelas seguradoras. Em 2011 essa relação tinha sido de 56%.
Pode-se admitir que essa relação se mantém bem acima da reserva de mercado devido ao aumento de operadoras de resseguro locais.
O fato do volume de prêmio destinado ao resseguro pelas seguradoras manter-se estagnado em 2012, e as resseguradoras locais crescerem 21% no mesmo período, indica que parcela importante que estava sendo ressegurada no exterior está permanecendo no país.
Indenizações, Benefícios e Resgates
O volume das indenizações, benefícios e resgates dos segmentos de seguros, previdência e capitalização foi de R$ R$ 43 bilhões, crescendo 16% sobre 2011, contra 14% em 2011 sobre 2010. A relação das indenizações, benefícios e resgates sobre a arrecadação se manteve próxima nos últimos dois anos, sendo de 27% em 2012, contra 28% em 2011.
As indenizações, benefícios e resgates para os seguros de pessoas (vida, VGBL , PGBL e previdência = R$ 6,7 bilhões) apresentaram um crescimento em 2012 de 16% e 11% em 2011. No entanto, a relação das indenizações, benefícios e resgates sobre a arrecadação foi de 7% em 2012, quando em 2011 chegou a 8%.
Nota: Devemos considerar que nos produtos VGBL, PGBL e previdência, em média, 87% do faturamento é destinado às provisões técnicas que lastreiam os futuros desembolsos com resgates e benefícios. O retorno da aplicação financeira do montante dessas provisões é registrado dentro da própria reserva, quer dizer, não faz parte do resultado das operadoras, diferente do que ocorre com os produtos de seguros. Nos seguros gerais os desembolsos com indenizações (R$ 22,3 bilhões) cresceram 14% em 2012 e 13% em 2011. No caso da capitalização, os benefícios e resgates (R$ 13,5 bilhões) cresceram 19% e 17%, nesses anos.
Resultado
As operadoras de seguros, previdência e capitalização obtiveram em 2012 um lucro líquido consolidado de R$ 12,1 bilhões – crescimento de 4% sobre 2011 (R$ 11,6 bilhões). O lucro líquido sobre o patrimônio líquido no final do período (R$ 67,5 bilhões), tudo consolidado, foi de 18% em 2012 e 19% em 2011, ou seja, mantendo os patamares atrativos aos seus acionistas.
Na formação do lucro de 2012 (R$ 17,8 bilhões), antes dos impostos, os resultados com as operações afins contribuíram com 24% (R$ 5,0 bilhões) e os resultados financeiro e patrimonial com os restantes 76% (R$ 12,8 bilhões). Os impostos sobre lucros (R$ 5,7 bilhões) consumiram 31% do resultado.
É importante considerar que mesmo com a redução das taxas de aplicações no mercado financeiro, as operadoras mantiveram em 2012 a participação histórica do resultado financeiro e patrimonial na formação do lucro. Isso se deve ao aperfeiçoamento da administração do fluxo de caixa e da reconfiguração da estratégia de aplicações financeiras de muitas operadoras, como também no aumento do volume das aplicações, proveniente do crescimento das provisões técnicas.
Aplicações e Provisões Técnicas
Em dezembro de 2012, o mercado trabalhou com um montante de recursos financeiros da ordem de R$ 470,8 bilhões (10,7% do PIB previsto para 2012), dos quais 89% estavam em aplicações financeiras, totalizando R$ 420,6 bilhões. Essas aplicações obtiveram um crescimento marcante de 22% sobre o valor no final do ano de 2011 (R$ 344,4 bilhões). O expressivo volume das aplicações financeiras se deve, na sua maior parte, na constituição das provisões técnicas, que no final de 2012 atingiu o saldo de R$ 403,3 bilhões (9,1% do PIB previsto para 2012), com crescimento de 23% sobre 2011.
Conclusão
O mercado de seguros, previdência e capitalização continua apresentando números expressivos. Em 2012, o forte crescimento da arrecadação; desembolsos dentro de padrões tecnicamente admitidos; administração profissional de recursos financeiros, lastreados em retornos satisfatórios, são pré-requisitos para que 2013 também seja um ano de bom desempenho econômico-financeiro para o mercado.
Reportagem: Sonho Seguro | Denise Bueno. Foto: Divulgação.