Apresentador do Agora é Tarde, da Band, é o humorista do momento.
Danilo Gentili é publicitário, humorista, escritor, cartunista, repórter brasileiro e empresário. Faz parte da nova geração de humor, o stand-up comedy. Ganhou projeção nacional como integrante do programa de humor jornalístico “Custe o Que Custar”, da TV Bandeirantes e atualmente é apresentador do talk-show “Agora é Tarde”. Em entrevista ao SP Jornal, Danilo releva o início de sua carreira, o surgimento da sua casa de show de humor e seus futuros projetos. Leia nosso bate-papo completo abaixo:
Como foi o início de sua carreira como humorista?
Eu saía de Santo André, vinha de trem pra SP, fazia show onde dava pra fazer e chegava até a dormir em ponto de ônibus pra esperar amanhecer e voltar para Santo André direto para o trabalho, porque o show acabava tarde e os ônibus paravam de passar.
O Primeiro programa que você participou foi o “CQC”, da TV Bandeirantes, com o quadro “Repórter Inexperiente”. Como foi encarar este desafio?
Eu não tinha nada a perder, então, estava pouco me lixando se ia dar certo ou errado. Acho que existe um segredo no sucesso das coisas: ele acontece algumas vezes apenas quando voce consegue ligar o “f#d@-se”. Tenho a impressão que quando você quer muito uma coisa e só vive em função dela, acaba se tornando um completo idiota e falsário.
Como surgiu a ideia de abrir uma casa de show de stand-up, o “Comedians”? Ter um local erguido do zero para privilegiar a experiência do stand-up comedy no Brasil era uma conversa tão recorrente nos camarins do stand-up quanto falar sobre piadas. Acho que chegou a hora certa onde tínhamos dinheiro e o gênero estava estabelecido. Aproveitamos o momento.
Há rumores de que você junto ao Ítalo Gusso irão abrir uma segunda casa de show. Como será este novo empreendimento?
São rumores. A verdade é que eu e Ítalo temos muitas ideias, inclusive fora do mundo da comédia. O Ítalo é tão viciado em trabalho quanto eu, então volta e meia inventamos moda.
Como nasceu a ideia de seu atual programa o “Agora é Tarde”?
A ideia de ter um talk-show que de fato fosse um “show” toda noite, assim como a criação de um comedy club, também sempre foi conversa recorrente entre os comediantes. Não só isso como um sitcom que de fato fosse sitcom, filme de comédia que de fato fosse filme de comédia. Sou muito feliz por poder realizar algumas coisas que desde o início foi idealizado por essa geração de comediantes. Depois que fui pra TV, durante alguns anos planejei o programa, mesmo sem a TV Band saber, com Alex Baldin, antigo roteirista do “CQC”, hoje chefe de roteiro do “Agora é Tarde”. Ele sempre foi fã do formato e como fã sempre conversávamos sobre o que seria legal ver num talk-show por aqui. A essência do que é hoje surgiu dessas conversas.
Quais critérios você utilizou na escolha dos integrantes do programa?
Ser de verdade. Não queria um ator interpretando o papel de ser meu colega ou alguém interpretando estar se divertindo. A comédia que eu optei fazer desde o inicio é sobre quem eu sou, da onde vim e como vejo as coisas. O programa que idealizei não poderia ter um ‘casting’ que não fosse menos do que autêntico. Quando não acham graça, ninguém ri forçado. Quando acham, ninguém segura o riso, por mais constrangedor ou deselegante que pareça. A última a ingressar o elenco, a Juliana, só foi escolhida por causa disso, ela não interpreta nada. Ela é ela mesma. Não existe coisa mais poderosa e duradoura do que a verdade. Se isso estiver em tudo que faz, acho que terá um bom caminho pela frente.
A banda Ultraje a Rigor já fazia parte de seus planos para o “Agora é Tarde”?
O Alex Baldin levantou esse nome um dia que estávamos jantando e falando de como seria legal um talk-show no Brasil e nunca mais precisou repetir nada. Na mesma hora, pela internet, entrei em contato com o Roger, que foi muito solícito. Fui até a casa dele, e nossa, fiquei meio nervoso, porque eu sempre fui fã demais e estava indo na casa do cara. Eu não sei se na hora ele achou que um dia esse programa veria a luz, mas ele se colocou à disposição pra conversar quando tivéssemos algo mais concreto. E ele está em fase de teste no programa desde então. Mais dois anos, se ele continuar assim, assinamos contrato e pagamos salário pra ele.
Qual a entrevista que você ficou mais a vontade e a que ficou mais nervoso?
Eu sempre procurei ser verdadeiro nas entrevistas, então, até quando eu estou nervoso, não disfarço, e isso faz com que você relaxe. O nervosismo aumenta quando você tenta disfarçá-lo ou fingir que não tem nada acontecendo.
Quem você gostaria de entrevistar que ainda não teve oportunidade?
Ayrton Senna. O convidei no dia de finados pra ir ao programa mas ele não retornou.
Quais os maiores desafios que você já enfrentou na sua carreira como humorista?
Não é desafio, mas é um saco gente que não consome comédia, não vive de comédia e não entende de comédia querendo te dizer como você deve fazer seu trabalho e querendo te aplicar uma cartilha política (que sequer existe ou lhe esclarecem qual é) do que se deve ou não falar. O que acontece muito comigo é que faço piada para quem gosta de rir. E essas pessoas são muitas. Mas meia dúzia de pessoas que não querem rir, pegam umas piadas suas, anunciam como declaração e tentam te “vilanizar” para que ela saia de vítima ou de super-herói. Isso é de uma canalhice sem fim! Enche o saco e enoja. Mas, depois de três vezes você fica vacinado e aprende que seu público é muito maior e esse cara acaba falando sozinho. Sempre.
Houve uma maratona para as mulheres de todo o Brasil se candidatar a assistente de palco de seu programa. Porque a Juliana foi a escolhida?
Ela era a melhor. Disparado!
Há novos quadros e modificações para 2013 no programa?
Espero que mudem o cenário. Eu farei minha parte para que isso aconteça, destruindo com um machado o cenário no ultimo programa desse ano.
Como foi receber o Troféu Imprensa com seu programa em tão pouco tempo no ar?
Muito feliz! Sou fã do Silvio Santos e receber um premio das mãos dele é demais! Já posso riscar isso da lista de coisas pra se fazer antes de morrer.
Você foi convidado para gravar o filme “Mato sem cachorro” com direção de Pedro Amorim. O que seus fãs podem esperar deste longa?
Diversão, diversão, diversão, diversão e com uma qualidade acima do que se vê nos cinemas por aqui. O Pedro Amorim é demais, um “p#t@” diretor. Mesmo! Ele sabe tudo que ele quer em cada plano, ele é muito exato no que pretende, e é o cara mais bem-humorado do set.
Você tem um game chamado “O Mundo vs Danilo Gentili”. Como foi o desenvolvimento do jogo?
Eu queria fazer um game pra quem é fã de game. Tinham muitos elementos que não entraram no game, foi uma pena, mas acho que mesmo assim ter um game para o pessoal poder baixar no celular é uma coisa muito legal. É levar a piada pra outros níveis e interações.
Com 3 livros lançados, qual deles foi o seu maior desafio e de qual gosta mais?
Eu gosto mais do primeiro, do “Como se tornar o pior aluno da escola”. Ele é sobre as coisas que eu fazia na escola. Eu ensino a molecada de hoje a ser mais “old-school” e se divertir mais na escola. Ele vai virar filme em breve!
O DVD “Politicamente Incorreto” acabou virando livro. Como é desenvolver um texto tão incomum falando de política em Brasília na véspera de eleição?
Foi tão bom que eu pretendo repetir a experiência na próxima eleição presidencial. A ideia é fazer um show de comédia mas com elementos de show de rock! (Gargalhada) Eu quero que pegue fogo no palco, tenha fogos de artifício e meninas arrancando a camisa na plateia.
Como foi a experiência de participar do Teleton 2012?
Demais! Eu adorei muito. Foi uma das coisas que mais gostei de fazer esse ano.
Há boatos que você lançará um jogo de tabuleiro, como ele vai ser? Vai dar tempo de seus fãs adquirirem até o Natal? O jogo sai no ano que vem. Provavelmente em março ou abril. E está ficando muito divertido. O jogo não e para os meus fãs. Ele é pra quem ama se divertir, jogar tabuleiro e também adora comedia. Eu prometo que durante a meia hora de duração de cada partida, o jogador se sentirá um verdadeiro comediante.
Com relação ao assunto da comunidade negra ter se incomodado com um comentário seu, qual sua posição hoje e como ficou a situação dos que lhe criticaram?
Estou no aguardo de qual será a próxima “minoria” a querer minha cabeça.
Deixe um recado para todos que admiram seu trabalho.
Não façam isso!
Para fechar nossa entrevista, quais canais seus fãs podem seguir seus projetos?
TV Band! Tem um especial de fim de ano meu na Band. Um retrospectiva de 2012 repleta de piadas, como você nunca viu e participação de muita gente legal e conhecida. Dia 18 de dezembro na Band.
Entrevista: Rita Gabriele Zuini. Foto: Divulgação.