Nas últimas semanas, notícias sobre um encontro entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, com foco em negociações para tornar livre o comércio de veículos e autopeças entre Brasil e Argentina, adiado graças à morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ganharam repercussão na mídia nacional e internacional.

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Para entender melhor esta questão, desde 2008 estes países possuem alguns limites para realização do comércio bilateral, no que diz respeito ao setor automotivo.

E para junho de 2013, havia fortes projeções que evidenciariam o fim de tais barreiras. Mas, recentemente o governo argentino demostrou a possibilidade de não dar continuidade a esta medida e ainda impor cotas para tentar reduzir de forma efetiva o déficit da balança comercial com os brasileiros, principalmente no que diz respeito à cadeia de peças.

Segundo o presidente da Camarbra (Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo), Alberto Alzueta, seria de suma importância a liberação do fluxo comercial, sem que haja limitações entre as barreiras, para promover a integração do comércio bilateral entre Brasil e Argentina. Para se ter ideia da importância dessa negociação, hoje a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial no Brasil, tanto no âmbito mundial, quanto no Mercosul.

Em 2012, foram realizadas exportações no valor de U$ 18 bilhões e importações que somaram U$ 16,4 bilhões no setor de transportes, que engloba veículos, autopeças, máquinas agrícolas e chassis.

“Sabemos que o comércio no segmento de transportes entre estes países representa mais da metade do fluxo comercial, somando U$ 9,1 bilhões em vendas brasileiras aos argentinos e US$ 8,1 bilhões em compras oriundas do país vizinho. Com isso, a Argentina apresentou um déficit setorial de 62,5% com relação a todo o saldo da balança a favor do Brasil em 2012, somado em de US$ 1,6 bilhão.

Ambos os países possuem relevância no setor automotivo, mas impedir a abertura total deste mercado com exigências e imposições ao governo brasileiro, para que haja o adensamento da cadeia produtiva em território argentino, pode prejudicar de forma direta o comércio e relações bilaterais”, ressaltar o presidente da Camarbra, Alberto Alzueta.

Outros dados de 2011 apontam que a importação de autopeças argentinas representou 8,14% das compras totais do Brasil, com relação a este segmento, enquanto a participação de veículos automotores teve um aumento expressivo em 41,75%.

Resumidamente, a presidente da Argentina busca garantias de que haverá compras de peças produzidas no país, fator este que pode ser considerado inviável, já que grande parte dos fornecedores deste nicho deixou o país, após a crise ocorrida em 2001.

Diante deste cenário, a ideia principal de Cristina Kirchner é fazer com que o país vizinho compre mais peças fabricadas na própria Argentina, para serem empregadas na produção de veículos locais.

“A partir de junho deste ano, sabemos que haverá um novo regime comercial administrado, que dará lugar ao regime automotivo, que limita cerca de 40% das exportações e importações entre Brasil e Argentina, desde 1999.

Agora, vamos aguardar a avaliação da nova proposta realizada pela argentina, pelo comitê de monitoramento, formado por especialistas do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores)”, finaliza o presidente da Camarbra, Alberto Alzueta.

Sobre a Camarbra

A Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo, fundada em 20 de dezembro de 1943, tem como principal objetivo intermediar relações bilaterais entre brasileiros e argentinos, oferecer estatísticas, pesquisas e informações relativas ao comércio exterior do Mercosul, prestar serviços de assessoria relativa ao segmento, além de organizar eventos técnicos e culturais.

Mais informações em www.camarbra.com.br

Reportagem: Assessoria de imprensa. Foto: Divulgação.