Os institutos Vox Populi, Datafolha e Ibope erraram feio neste primeiro turno das eleições brasileiras. Para presidente, Dilma Roussef chegou a ter 54% nas pesquisas e teve vitória dada como certa, inclusive pela grande mídia.
Mas ganhou o primeiro turno com 46%. José Serra teve sua morte política anunciada com 28% mas chegou a 32%. Já Marina Silva, àquela que, segundo a imprensa não decolava, chegou aos quase 20%, bem diferente dos 8% propostos pelos institutos. E tem gente que diz que eles, os institutos de pesquisa, não erram.
Alguns resultados apresentavam grande crescimento da Dilma como se fosse um cenário total brasileiro. Mas quando foram abertas e lidas no TSE – Tribunal Superior Eleitoral, local onde as pesquisas são registradas, percebeu-se que as ações foram concentradas em regiões específicas que, após a eleição, se comprovou o reduto forte da candidata. É uma grande injustiça fazer questões em até 80% no território alheio. Seria a mesma coisa que perguntar na cidade de São Paulo quantos torcedores flamenguistas existem. São muitos, afinal, é a maior torcida do planeta, entretanto, perderia feio para Santos, São Paulo, Palmeiras ou Corinthians. Ou seja, poderia se falar que a pesquisa revelou que o Flamengo seria a 5ª maior torcida do Brasil? É claro que não.
E é por isso que a regionalização da pesquisa precisa ser feita de forma proporcional. No caso dos times, ninguém vai deixar de torcer para outro por causa de resultados. Mas quando o assunto é política, principalmente por falta de conhecimento e acesso à informação, a tendência de agregar credibilidade ao mais forte é previsível. Aliás, não é somente uma maneira não proposital ou até proposital de intencionar votos, mas também é prova de que as pesquisas pouco chegam aos núcleos mais diferentes em nosso Brasil.
Disse que pode ser proposital mesmo porque alguns institutos de pesquisa já venderam resultados para políticos no Brasil e ajudaram alguns a se elegerem. É importante saber que há, no Brasil, cidadãos que dizem que os resultados foram uma surpresa. Mas veja, é como se os eleitores brasileiros tivessem acordado no domingo pela manhã, olhado no espelho e falado: “Ahh, mudei de ideia, hoje vou votar na Marina para presidente e no Aloisio Nunes para senador em São Paulo. Resolvi assim, do nada.” Alguém me explica como Aloísio Nunes estava em 4º na corrida para o senado em São Paulo e chegou em primeiro ao final das apurações? O que houve foi uma grande corrente e ação via internet e mídia sociais, além da campanha de rua dos candidatos, o que mudou muito os resultados por aí e nada foi mencionado ou apurado na grande mídia.
Não se trata somente da fragilidade dos institutos de pesquisa e de suas, talvez, limitadas atuações em cidades e locais específicos. A questão é que muitas vezes as pesquisas podem tendenciar e orientar os eleitores na decisão do voto. São vários os perfis de eleitores. Tem àquele que vota no candidato que é amigo. Tem o que só vota se levar alguma vantagem pós-eleição como cargos públicos ou interesses próprios.
Os que trocam voto por dinheiro. Os que não votam em ninguém e anulam, os que votam consciente e por fim, os que votam naqueles que estão a frente nas pesquisa.
Será que o Ibope, Vox Populi e Datafolha já pensaram em produzir uma pesquisa para saber da quantidade de pessoas que votam naquele candidato que está ganhando? Talvez se o fizessem descobririam o resultado que poderia ser o caso de se identificar que os eleitores realmente votam nos líderes. Ou ser insignificante os votantes por liderança em pesquisa. Mas está aí uma pesquisa que com toda certeza não será feita por interesses próprios destas empresas. Talvez isso só aconteceria no dia em que o Tiririca for eleito, opss, somente no dia de “São Nunca” mesmo.
Antonio Gelfusa Junior é diretor de marketing do SP Grupo de Jornais (SP Jornal, Jornal de Vila Carrão, Jornal do Tatuapé e Jornal de Vila Formosa).