Interessante como o atual governo federal tem se esforçado de várias maneiras em praticar incoerências que deixam muitos países autoritários no chinelo. Uma lei, que passou pelo crivo do presidente Lula, ministra Dilma, Tarço Genro e outros executivos ministros, preocupa um país democrático. Alguns itens esbarram e provocam fortemente a constituição.

Um deles é o ato de penalizar apenas os torturadores da ditadura de direita e os de esquerda não. E aí fica uma dúvida: qual a diferença entre um policial ou um político torturador de direita e um guerrilheiro de esquerda torturador? O crime é igual para todos e, mesmo levando em conta as condições desfavorecidas na época, não é possível que o governo proteja e penalize somente as pessoas que lhes é conveniente.

É intenção do governo também dar direto à posse de terras àqueles que invadiram ilegalmente espaços particulares. Após invadido, um terreno, seja qual for, deixa de ser do proprietário e este não pode mais recorrer ao Judiciário. É fato que há muita gente precisando trabalhar e há muitas terras sem produção, mas também não é justo tirar nada de ninguém. Não é discurso direitista, mas é discurso justo, de quem acha que o mundo não se constrói na força, tomando as coisas dos outros, principalmente daqueles que conseguiram construir um patrimônio honestamente.

Seria a mesma coisa que absolvessem alguém que roubasse um banco só porque a instituição financeira tem muito dinheiro e, por causa disso, o ladrão não seria penalizado e nem o dinheiro seria reavido. Dentre tantos absurdos, há também um parágrafo que espanta. É o da comissão para controlar conteúdos dos meios de comunicação. Ora, é um direito do brasileiro assistir o que quiser, da forma que quiser e quando quiser. Se é Jô Soares, Debate Bola, Novela das 8, Jornal Nacional, Jornal da Record, Roda Viva e até o Big brother. Há quem goste e quem se identifique com alguns programas, até como opção de entretenimento, e isso deve ser respeitado – o direito de ir e vir e de assistir o que quiser.

É democrático cada meio de comunicação expor seu conteúdo sem sofrer censura – com certa limitação é claro–, mas o que nosso presidente quer é criar uma mordaça. Não precisamos de controle de conteúdo, e sim, de educação nas escolas, para que nossas crianças saibam o que é certo e o que é errado, criticar os pontos de vista em uma reportagem e o melhor, saber, por exemplo, que realitys shows robotizam o ser humano, mas também são uma experiência interessante de estudo do comportamento humano de uma nação.

E quanto às prostitutas? O que você, nobre leitor, acha de legalizar uma profissão que existe há 2 mil anos? Isso mesmo, a prostituição deve ser legalizada dentro deste projeto previsto pelo governo. Ao invés de se garantir empregos decentes para estas mulheres, acredita-se que legalizar a prostituição seja a saída. Então fica uma sugestão, que tal legalizar também os bicheiros, os ladrões de carro, o estelionatário entre outras “categorias” que não cabe a ninguém no mundo julgar se é melhor ou não que alguém, mas que não se enquadram, legalizados, em uma sociedade que se diz democrática e almeja progresso.

O incrível é que o tamanho absurdo passou pela alta cúpula do partido e as informações sobre o fato foram apagadas e não comentadas mais. Por que será? É prezado leitor, eu deveria escrever este artigo para agradecer sua companhia neste um ano de nova gestão do Jornal de Vila Carrão, lhe mostrar as coisas boas que conseguimos como as assinaturas gratuitas, novo projeto gráfico, ampliação da tiragem, novo projeto de portal de informação, enfim.

No entanto, aproveitei o espaço para criticar o atual governo antes que nos proíbam pela tal comissão e quem sabe, até nossos jornais deixarem de existir, afinal, em terras de Hugo Chaves, veículo de comunicação que critica presidente, “normalmente”, sai do ar. E de repente isso pode acontecer no país do amigo dele, o Lula, mais precisamente, uma nação literalmente tupiniquim, que pode voltar à ditadura.

Antonio Gelfusa Junior  é diretor  de marketing do SP Grupo de Jornais  (SP Jornal, Jornal de Vila Carrão,  Jornal do Tatuapé e Jornal de Vila Formosa).